O investimento sustentável, um movimento tectónico no mercado

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Créditos: David von Diemar (Unsplash)

“Já vi este filme e sei como é que acaba”. É o que diz Richard Clode, da Janus Henderson. De vez em quando produzem-se movimentos tectónicos no mercado. Mudanças que acabam por ser verdadeiros disruptores para os retornos”, afirma. O gestor, especializado em tecnologia, recorda campos de batalha com o da Amazon face ao retalho tradicional ou o Google face aos grandes meios de comunicação. “Estar no lado correto da história foi decisivo para o investidor”, sentencia.

E agora, na sua opinião, a sustentabilidade é o novo terramoto no mercado. “Estamos a viver um período de transformação que vai definir a rentabilidade futura dos investidores”, vaticina. Já o vemos, dá como exemplo, a diferença em bolsa entre a Tesla e outros fabricantes tradicionais de motores de combustão. Clode tem claro como se posicionaria.

É uma mudança que Clode deteta no setor tecnológico, a sua especialidade como co-gestor da estratégia Global Technology Leaders. Mas que já acontece em todos os setores.

Assim o experiencia Hamish Chamberlayne, responsável de Ações sustentáveis mundiais da entidade britânica. Chamberlayne está há duas décadas a falar sobre o investimento sustentável. Até há muito pouco tempo o seu esforço principal centrava-se em demonstrar que o ISR não prejudica a rentabilidade. Agora tem o mercado a seu favor.

O investimento sustentável entra numa curva exponencial

Vemo-lo também nos dados de fluxos de capital que compila Ignacio de la Maza, responsável das regiões EMEA e América Latina. Os fundos do Artigo 8 e 9 apenas representam cerca de 26% da oferta no mercado europeu. Mas é que segundo os dados do barómetro de julho da Morningstar, absorvem 47% das entradas de dinheiro. E segundo deteta De la Maza, a procura em regiões como a Ásia e a América Latina também está a despertar.

Chamberlayne vê de forma clara a tendência. O crescimento no investimento sustentável configura-se numa curva S. Avizinha-se um crescimento exponencial. Se fizermos um repasso das grandes medidas que promovem os principais governos, notaremos um discurso similar. “Sem dúvida a história deste ano é o caminho em direção às emissões de carbono líquidas zero”, defende o gestor. É o crescimento verde.

Mas não estamos apenas perante uma história do setor energético. Para Chamberlayne, o movimento da economia analógica para uma digital, necessariamente passa por uma eletrificação da economia mundial. E dá-nos alguns dados. A digitalização fará com que a eletricidade passe de representar cerca de 20% da energia consumida para 80%. Falamos de carros elétricos, mas também de conectar todos o ecossistema diário à rede. “Estamos às portas de uma transformação incrível”, vaticina.