O que esperar da Era de Renzi na Itália

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Recentemente nomeado como primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi já começou a dar conta de alguns detalhes do seu pacote de medidas de estímulo para resolver os problemas estruturais da economia italiana. As primeiras medidas anunciadas incluem reduções fiscais e alguns passos iniciais para a reforma do mercado de trabalho. No passado dia 12 de março anunciou o corte de impostos para as pessoas que ganham menos de 1.500 euros por mês e uma redução de 10% nos impostos pagos pelas empresas privadas.

No seu último Market Insights, Maria Paola Toschi, da J.P. Morgan Asset Management, debruça-se sobre tais medidas. “Estes cortes serão financiados por reduções de gastos públicos (ainda não detalhados) e pelas poupanças, mas também pelo aumento de impostos de 20% para 26% sobre os ganhos financeiros”, começa por explicar.

Para já Renzi apenas apresentou propostas limitadas acerca da reforma do mercado de trabalho, onde se inclui a simplificação das regras em torno dos contratos de trabalho de curto prazo de forma a estimular a contratação por parte das empresas. A especialista acrescenta também que o atual primeiro-ministro italiano está a tentar acelerar o pagamento de 68 mil milhões de dólares de dívidas em atraso, contraídas por entidades públicas a fornecedores privados, e que prescrevem em julho. “Se ele for bem sucedido, este fluxo de dinheiro irá fornecer liquidez às pequenas e médias empresas, que ainda estão com dificuldades na garantia dos empréstimos bancários”.

No seu documento a gestora realça também que a câmara baixa do parlamento aprovou uma nova lei eleitoral para o reforço do poder de governos de coligação, de forma a acabar com a instabilidade estrutural do sistema político italiano.

Perante tais medidas que Renzi pretende levar a cabo, a J.P.Morgan AM mostra algum positivismo. “Os primeiros pilares da Renzinomics, se aprovados pelo parlamento, poderão ter implicações importantes de investimento, reforçando potencialmente a confiança do mercado na recuperação da Itália”, refere Paola Toschi. Reforçando que a retoma italiana é ainda frágil, e que a introdução de reformas estruturais tem sido limitada, a especialista assinala que “as yields dos títulos governamentais continuaram a cair após a transição política recente, o que sugere que os investidores estão longe de estar convencidos de que o novo governo será bem sucedido”, indica.