O que se está a passar com as tecnológicas chinesas?

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Créditos: Paul Hanaoka (Unsplash)

A China colocou na sua mira as grandes empresas tecnológicas do país. Nos últimos meses são várias as notícias que acabaram por repercutir negativamente na cotação de empresas como a Alibaba, a Tencent e, mais recentemente, a Didi. Só para citar alguns exemplos, no passado mês de abril, a Alibaba - que no ano passado teve de atrasar a entrada na bolsa do seu braço financeiro Ant Financial perante o aumento da regulação chinesa sobre as fintech - recebeu uma multa de mais de 2.000 milhões de euros por monopólio de mercado. Mais recentemente, o organismo regulador chinês suspendeu a app Didi do mercado depois de começar a negociar nos EUA, uma prática pela qual optaram nos últimos anos muitas empresas chinesas.

O resultado das tecnológicas estarem no ponto de mira do governo chinês vê-se nas suas cotações. “Como resultado da significativa rentabilidade inferior das ações tecnológicas chinesas face às americanas (-8% no ano face aos +14%), as valutations do setor tecnológico chinês tornaram-se mais atrativas”, explica Vladimir Oleinikov, CFA Senior Quantitative Analyst da Generali Investments.

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Fonte: Generali. Dados a meados de julho de 2021.

Não obstante, o facto de essas valuations acabarem por repercutir no preço deste tipo de empresas vai influenciar muito a materialização em maior ou menor medida desse risco regulatório que enfrentam não apenas as tecnológicas chinesas como também as dos EUA. “Os investidores devem ter isto em conta, tanto no que concerne as empresas nas quais investem como no momento de dimensionar as posições. Isto porque, em alguns casos, como o da educação na China, a regulação prevista parece ser muito mais dura do que o esperado”, afirma Ramiz Chelat, gestor da Quality Growth (boutique da Vontobel AM).

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Além disso, é de esperar que o frenético ritmo visto no passado de empresas chinesas na bolsa dos EUA se trave a curto prazo já que o Governo chinês está especialmente preocupado com a informação sensível relacionada com o governo que podem dar estas empresas. “O Conselho de Estado da China comprometeu-se a aumentar a supervisão da segurança dos dados e das entradas na bolsa no estrangeiro”, afirma Oleinikov. Esta nova normativa afetará em primeiro lugar o mercado de ADR, mas, segundo explica o especialista, “dada a falta de detalhes facilitados, é provável que seja negativa pelo menos para o sentimento a curto prazo”.

Por sua vez, Chelat já prevê um regresso a casa das tecnológicas que tinham planos para cotar este ano em Wall Street. “Acreditamos que todas as entradas na bolsa que estavam a planear dirigir-se aos EUA terão de reconsiderar a sua estratégia e centrar-se numa entrada na bolsa primária em Hong Kong”.