Para André Themudo, foi a força regulatória que obrigou os investidores institucionais a darem os primeiros passos. No entanto, deixa a nota: “Desde 2020 que o COVID representou um driver para um apetite maior dos investidores de retalho relativamente a fundos mais sustentáveis”. O profissional conta que, “depois de março de 2020, houve uma grande procura por fundos de gestão ativa mais setoriais, como os tecnológicos ou de saúde, mas também fundos do universo do tema da sustentabilidade”. A razão, à primeira vista, é apenas uma: rentabilidade. Contudo, acrescenta o profissional da BlackRock, “o cliente final de retalho também se sente mais confortável em investir num tema ou num setor que compreenda”. Acredita, assim, “que é uma adaptação real e que os clientes gostaram”.
Na sua ótica, este comportamento ficou ainda mais visível este ano, em que acredita que os clientes se viraram mais para puros temáticos. “Na BlackRock, por exemplo, principalmente nos quatros fundos de gestão ativa temáticos de que dispomos — mais ligados à sustentabilidade — que são o BGF Sustainable Energy Fund, o BGF Nutrition Fund, o BGF Future of Transport Fund e o BGF Circular Economy, tivemos um boost muito relevante”, especifica.
O profissional toca ainda num outro ponto: a interação com o cliente. “Para os private bankers, falar de temas macroeconómicos, por vezes, não é nada apelativo”, confessa. É exatamente aí que as temáticas de sustentabilidade ajudam a construir a narrativa por detrás do investimento. “Estes produtos são exemplos de como se pode falar do futuro dos transportes, de economia circular, ou sobre a crescente preocupação com alimentação saudável devido à crescente preocupação com o bem-estar”, explica.
Este contexto é, no fundo, uma segunda oportunidade, “não só para as gestoras, mas também para as redes de retalho em vender estes produtos”, conclui o responsável de Negócio da BlackRock em Portugal.
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