O valor de uma visão top-down em obrigações: os argumentos da equipa IG Euro da BlueBay

Kaspar Hense e Mark Dowding. BlueBay AM
Kaspar Hense e Mark Dowding. Créditos: Cedidas (BlueBay AM)

No BlueBay Investment Grade Euro Government Bond e no BlueBay Investment Grade Euro Aggregate Bond Fund, a política desempenha um papel importante na tomada de decisões. Um elemento diferenciatório do processo de investimento de ambos os fundos é que a visão top-down influencia o posicionamento. “Num contexto europeu, em que o prémio de risco é essencialmente zero, o foco tem sido mais nas políticas macroeconómicas”, afirma Kaspar Hense, gestor sénior destes dois fundos com Rating FundsPeople.

Assim, uma das prioridades da equipa de gestão nos últimos tempos tem sido sentar-se com os principais atores políticos que influenciam a União Europeia. “Construímos relações extensas em Bruxelas”, conta Hense. Isto foi particularmente útil nas semanas que antecederam as eleições, por exemplo, nas realizadas em Itália em janeiro. Uma visão top-down pode influenciar a sua visão idiossincrática. “Determinámos que se o risco em Itália se revelou mais benigno do que os mercados esperavam, isso abriu uma oportunidade não só de adotar posições longas da dívida italiana, mas de ser positivo com os países periféricos em geral”, explica o gestor.

Na opinião de Hense, a elevada volatilidade do mercado fez com que os stockpickers perdessem a sua vantagem. Agora, afirma, é a tendência de top-down que está a impulsionar o mercado. E a análise feita pela equipa de gestão não é apenas europeia, apesar de ser um fundo de dívida europeia. Contemplam os indicadores a nível global. “O mercado de dívida está altamente correlacionado. O bund alemão move-se muito de mãos dadas com o Tesouro dos EUA”, refere.

Por conseguinte, acompanham de perto as tendências da inflação a nível global. Foi o que lhes permitiu detetar os bottlenecks no fornecimento de bens a nível global. “É por isso que temos adotado posições mais curtas em duration por mais tempo e com mais convicção do que os nossos homólogos”, conta Hense.

Muito perto do pico da inflação

Na equipa liderada por Mark Dowding, diretor de Investimentos da entidade, há muito que Hense se mostrava muito vocal sobre o facto de a inflação ser mais persistente do que os bancos centrais antecipavam. Agora, argumentam, o grande choque de fornecimento está a desaparecer. Este fosso entre a oferta e a procura está a diminuir. Embora ainda possa haver riscos de recuperações pontuais, Hense acredita que a inflação está muito próxima do seu pico nos Estados Unidos e da mesma forma na Europa.

Com isto, a equipa de gestão acredita que a correção das obrigações está a chegar ao fim. De facto, a sua previsão é que o índice da dívida pública euro comece a dar retornos positivos a partir de agora. Não será uma alta rentabilidade, mas preveem um ambiente benigno. Apesar de ainda acreditarem que as yields possam corrigir cerca de 50 pontos base nos próximos 6 a 12 meses, Hense argumenta que os níveis atuais oferecem uma almofada suficiente. “Tínhamos dito aos nossos clientes para se manterem cautelosos com as obrigações euro enquanto o bund alemão não chega a 1%. Agora pensamos que estamos muito perto desse interessante ponto de entrada”, diz.

E é uma postura que mantêm, apesar de verem uma alta probabilidade de o BCE aumentar as taxas até três vezes este ano. Mas diria que os aumentos nos Estados Unidos já estão completamente refletidos nos preços. Que, na verdade, podem não precisar de ser tão agressivos como se esperava.  Assim, o cenário mais provável que o gestor vê é que em 2023 haverá uma pausa nas subidas de taxas.