Obrigações corporativas ganham relevância nas carteiras dos fundos perfilados moderados

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Créditos: Debby Hudson (Unsplash)

Junho foi positivo para a generalidade das classes de ativos. De facto, o acontecimento do mês foi, segundo Paulo Joaquim, gestor do NB Equilibrado da GNB Gestão de Ativos, a reunião da Fed no dia 16 do mês. Reunião que acabou por provocar “alguma volatilidade nas várias classes de ativos, com o mercado a não antecipar uma mudança de discurso, apesar de ainda ligeira, tão cedo no ano”, assinala o profissional na ficha de produto referente ao mês em análise.

No entanto, vejamos como evoluíram as alocações dos fundos perfilados moderados. Relembramos que os novos fundos lançados pela Invest Gestão de Ativos, inseridos na gama de fundos Smart Invest, já se encontam incluídos nesta análise.

Alocação por categoria global

De um modo geral, a alocação a classes de ativos globais não registou grandes alterações desde a última análise feita – com referência ao mês de abril. No entanto, é possível destacar alguns comportamentos. Desde logo que a média de alocação a obrigações por parte dos fundos mais moderados ainda não recuperou os níveis em que estava em janeiro de 2021. A verdade é que as condições macroeconómicas parecem continuar favoráveis para o investimento em ações. Factor que comentava a equipa de gestão do Optimize Capital Reforma PPR Equilibrado no seu relatório mensal: “A aceleração do processo de vacinação aliada à continuação dos estímulos monetários e fiscais estão a ser fulcrais para o entusiasmo dos agentes económicos na expansão da economia global”.

Contudo, é de referir também que o peso médio investido em obrigações tem vindo a aumentar. Por outro lado, o peso médio da alocação a ações tem vindo a diminuir desde o pico que alcançou em abril deste ano. Altura em que as ações pesavam, em média, 40,03% nas carteiras dos fundos perfilados moderados. Ao olharmos para os dados da Morningstar, vemos que dos 14 fundos perfilados moderados, o veículo de investimento com maior exposição a ações à data de junho de 2021 é o Santander Popular Global 50, da Santander Asset Management.

Componente acionista a nível geográfico

A nível geográfico, a alocação da componente acionista viu o peso da alocação média a ações da Ásia Emergente a aumentar ligeiramente de 2,62% (em abril) para 2,92%, em junho. Sendo, desta forma, a região com maior variação positiva face a abril. Enquanto isso, a alocação a ações da região da América do Norte caiu ligeiramente (0,65 pontos percentuais).

Apesar de a Europa ter subido ligeiramente o seu peso nas carteiras dos fundos perfilados moderados, a região norte-americana continua a ser a preferida dos gestores para alocarem o investimento em ações. Michalis Charalambous, gestor do Santander Select Moderado, justifica ao referir na ficha de produto que “a equipa de gestão reforçou ligeiramente a alocação a ações EUA em junho, uma vez que continua com uma visão positiva em relação ao Japão e aos EUA”.

Obrigações corporativas ganham relevância

Relativamente às obrigações, Paulo Joaquim coloca que “o mercado de dívida governamental mais uma vez evoluiu de modo relativamente volátil, mas que, de um modo geral, se materializou em yields mais baixas, em especial nos EUA onde os 10 anos caíram 13 bps para 1,47%”. Sobre a dívida privada, por outro lado, o profissional comenta que se assistiu a um estreitamento de spreads nas várias classes.

Na verdade, o peso das obrigações corporativas subiu significativamente desde abril. Falamos de um aumento do peso médio na carteira destes fundos de 2,19 pontos percentuais. Esta subida revela que o peso médio destes ativos nas carteiras dos fundos perfilados moderados está em máximos desde janeiro de 2020. Em sentido contrário, os gestores dos 14 fundos perfilados moderados, reduziram, em média, a alocação a obrigações soberanas em 1,62 pontos percentuais. Consequentemente, a alocação a estes ativos está agora em mínimos.

No mês que indica o fecho do primeiro semestre, e em que “a expectativa de impedimento da subida sustentada da inflação conduziu a ganhos nas obrigações a 10 anos do tesouro dos EUA e Alemanha, que valorizaram 0,8% e 0,5%”, diz o gestor do Santander Select Moderado, o segmento obrigacionista viu o peso dos ativos da região da Europa desenvolvida e América do Norte a subirem.