A evolução da banca nos nove primeiros meses do ano

Carlos_Bastardo
Vitor Duarte

Os maiores bancos nacionais divulgaram a sua atividade respeitante aos primeiros nove meses do ano. Foram analisados neste artigo os bancos BCP, BPI, CGD, NB e Montepio.

Ao nível dos resultados líquidos, todos registaram quebras dos mesmos face ao período homólogo de 2019, entre 39% e mais de 100%. A CGD foi o banco que apresentou menor queda dos resultados líquidos consolidados, 392 milhões de euros menos 39% que no mesmo período de 2019. O Montepio Geral foi o banco que teve a maior variação negativa, tendo apresentou prejuízos consolidados de 56,8 milhões de euros contra um lucro de 17,7 milhões de euros no mesmo período de 2019.

Os bancos têm mais negócio que em 2019, mas têm mais dificuldade em ganhar dinheiro, como se pode observar no valor do produto bancário que cai nos 9 primeiros meses do ano face ao mesmo período do ano anterior.

Os bancos continuam com bons níveis de solvibilidade: o indicador CET1 varia entre 11,7% e 17,2% de entre os bancos analisados com contas publicadas relativas a setembro. Por sua vez, o rácio de capital total varia entre 13,8% e 19,8%.

Ao nível da eficiência, medida pelo rácio cost to income calculado como custos operacionais / produto bancário, o banco com melhor indicador nos 9 primeiros meses do ano de entre os analisados foi o BCP com 48% e o pior o Montepio com 75,4%.

O custo do risco em setembro de 2020 variou entre 0,29% e 1,97% de entre os bancos analisados.

O rácio de crédito vencido em setembro de 2020 melhorou (baixou) em todos os bancos face a setembro de 2019. Tal foi enaltecido recentemente num estudo da agência de rating DBRS.

O banco com melhor rácio (mais baixo) em 30/09/2020 foi o BPI (1,9%) e o banco com maior rácio foi o Montepio (11,5%). Os outros bancos analisados estavam com 6,5% (BCP), 4,2% (CGD) e 9,7% (NB).

O impacto da crise pandémica e económica é gradualmente mais visível nas contas dos bancos, trimestre após trimestre. A grande questão é o que vai suceder nos próximos trimestres? Quando terminarem as moratórias de crédito o que irá suceder? O valor das moratórias de crédito da banca nacional é significativo em termos absolutos e relativos face ao dos congéneres europeus.

Caso a economia não faça o turnaround que todos desejamos ao longo de 2021, a situação poderá exigir novos esforços de provisionamento por parte dos bancos, que afetarão naturalmente a sua performance económica e financeira e colocarão pressão nos rácios de capital (mais nuns bancos do que noutros).

Oxalá que tudo decorra bem, porque a economia portuguesa precisa de uma banca com capacidade de financiamento.