TRIBUNA de Andrew Howard, head of Sustainable Research, da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders.
A revolução da mudança climática afetará quase todos os aspetos da nossa vida, incluindo a nossa alimentação. Custa a acreditar como é que uma necessidade tão básica e quotidiana como comer pode ter consequências tão importantes na evolução do aquecimento global e das mudanças no meio ambiente. Para compreender em profundidade este facto, na Schroders centrámo-nos na análise do consumo de proteína no mundo e em como afeta o futuro da problemática do meio ambiente.
A procura por proteína (neste caso, carnes de todo o tipo) aumento em proporção do aumento da população mundial: espera-se que 10 mil milhões de pessoas habitem o planeta em 2050, o que irá requerer uma multiplicação por dois da produção de comida. Particularmente, as populações de regiões emergentes estão a aumentar a sua procura de consumo de carne, e estima-se que tenha subido 30% nos últimos 15 anos, uma tendência que continuará no futuro.
Se isto não muda, o sector da agricultura irá consumir em 2050 todo o seu “orçamento” de emissões de carbono. A pecuária representa atualmente 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, e não é eficiente no momento de produzir alimentos de proteína. Esperar que todos os sectores obtenham a “classificação de carbono neutro” não é realista pelo que uma mudança nos padrões de alimentação pode contribuir para a diminuição dos efeitos do meio ambiente na elaboração dos produtos de carne.
Os profissionais do sector dedicam cada vez mais recursos à investigação com o fim de melhorar a yield dos cultivos para alimentar uma população que não para de crescer. Além disso, estão a aparecer novos riscos que complicam a atividade diária da indústria, como o impacto negativo das temperaturas extremas nos animais, as secas, e a menor disponibilidade de água que isso acarreta.
Estes desafios projetam um panorama hostil, não obstante, há uma luz ao fim do túnel. A inovação no sector alimentar está a avançar e somos testemunhas de como estão a aumentar as empresas que oferecem proteínas livres de animais e que utilizam a tecnologia para cultivar produtos semelhantes em textura e sabor à carne, mas que eliminam grande parte da problemática das emissões de carbono durante a sua elaboração.
Relativamente a este tema, não podemos deixar de lado o papel que desempenham as mudanças nas tendências de consumo e a consciencialização política: os millennials estão a adotar dietas diferentes das tradicionais que prescindem da carne e que atendem a questões como a saúde, as tendências de fitness ou a própria luta contra as mudanças climáticas. Além disso, alguns governos como o do Reino Unido ou de França estão a modificar as suas recomendações relativamente a padrões dietéticos e fornecem uma pirâmide alternativa na qual o consumo de carne e produtos lácteos se reduziu. Além disso, contemplam-se medidas como a imposição de um imposto à carne vermelha na Dinamarca.
Portanto, do ponto de vista do investimento, as empresas que dediquem esforços a encontrar alternativas que contribuam para diminuir o consumo de carne pode representar uma grande oportunidade para os investidores.
Na Schroders observamos com interesse estes avanços, e há muito tempo que acreditamos que as empresas que saibam criar soluções para os desafios que impõem as mudanças climáticas serão as vencedoras do futuro. Por isso, há mais de uma década que se criou o fundo Schroder ISF Global Climate Change Equity, um fundo que investe em empresas que se encontram numa posição vantajosa para enfrentar ou aproveitar a mudança climática e os efeitos significativos que provavelmente terá na economia global. Estamos convencidos de que a redução do consumo de proteína é uma oportunidade de investimento mais dentro do compromisso da luta contra as mudanças climáticas que estabelecemos com os nossos clientes e com a sociedade.