As ações de empresas tecnológicas podem ser as que mais rapidamente sairão da crise do mercado

Mikko Ripatti
Vitor Duarte

(TRIBUNA de Mikko Ripatti, gestor de portfolio de clientes sénior, da DNB Asset Management. Comentário patrocinado pela DNB Asset Management.)

As ações de empresas tecnológicas não conseguiram escapar às flutuações do mercado atual, mas têm, até agora, dominado bem a crise e provaram ser outperformers com 13,7% desde o início do ano. Apenas as empresas nas áreas de cuidados de saúde (-9.4%) e bens de primeira necessidade (-9.6%) perderam menos terreno. A grande volatilidade atual cria oportunidades e oferece bons pontos de entrada para os investidores de longo prazo.

A necessidade de infraestruturas digitais sólidas voltou a aumentar consideravelmente devido ao aumento da procura de soluções para home office. Outras áreas que beneficiam atualmente com a crise são as empresas fornecedoras de entretenimento, como as que encontramos no sector dos jogos. Este sector já estava entre as megatendências antes da COVID-19. Os serviços de entrega que funcionam através de aplicações também podem lucrar com a crise atual. De um modo geral, no entanto, no sector da tecnologia ainda são os temas de longo prazo como a nuvem, a expansão das redes 5G, serviços de streaming e a inteligência artificial que interessam aos investidores. Em princípio, o sector das TI deve conseguir sair da crise relativamente bem: Devido à forte “almofada” de liquidez, a questão aqui não é quem vai sobreviver, mas quem pode lucrar mais.

As empresas de tecnologia têm continuamente melhorado a sua produtividade e estão entre os vencedores de longo prazo da bolsa. Tal é também evidente através de uma análise ao seu desempenho. Entre 1985 e 2019, o índice Nasdaq 100 gerou um retorno anual de 13,5%, comparado com os 11% do S&P 500.

Como podemos encontrar as verdadeiras pérolas?

No atual ambiente de mercado, as estimativas dos ganhos tornaram-se quase insignificantes. Dentro do sector das TMT, o subsector dos serviços de telecomunicações foi um outperformer relativo, com uma redução de 14,3% desde o início do ano, e é o mais valorizado a 12 meses com uma projeção de cotação/lucros (PE) de 14,7. A área de Comunicação Social e Entretenimento foi a que mais perdeu com -28,2% e com um PER (price-earnings ratio - cotação/lucros por ação) de 23,4.

O alto crescimento estrutural na área de Software e Serviços é, agora, compensado por uma projeção de cotação/lucros (PE) a 12 meses de 28,2, tornando este subsector, o mais caro no universo das TMT. Os investidores preferem estas ações devido às grandes receitas recorrentes, especialmente em tempos de incerteza. No entanto, temos subvalorizado o sector devido às suas valorizações relativamente altas.

As revisões dos resultados no sector das TMT foram reduzidas no mês passado. O subsector dos serviços de telecomunicações, com -0,6%, teve um melhor desempenho em comparação com outros subsectores, tais como o do hardware (-7%), o dos semicondutores (-5,8%) e o da comunicação social e entretenimento (-9,9%). No entanto, tem tido um fraco desempenho no Nasdaq desde o início do ano. A Vodafone, a Telecom Italia e a Telefonica, por exemplo, perderam entre 27% e 34% durante este período - enquanto o índice de tecnologia americano caiu 12%.

Oportunidades adicionais graças à consolidação

No entanto, temos sobrevalorizado os serviços de telecomunicações pois entendemos que são vencedores relativos a curto e longo prazo. Enquanto que se espera que as receitas caiam, é expectável que as margens subam e os fluxos de dinheiro aumentem. A importância do sector é também demonstrada pelo facto da Comissão Europeia ter apelado à Netflix, Amazon e YouTube para reduzirem a sua qualidade de streaming para aliviar a Internet durante este período de confinamento.

Foi feito um pedido adicional a este sector através do apelo urgente à criação de um quadro legal favorável ao investimento na Europa. Tim Hoettges, CEO da Deutsche Telekom, também está comprometido a "trabalhar vigorosamente para alterar o quadro regulamentar e de antitrust da Europa para alcançar a consolidação que a região necessita".

A discrepância entre "crescimento" e "valor" nunca foi maior. A longo prazo, como mostram as estimativas anteriores, uma estratégia de investimento ascendente baseada no "valor" tem mais hipóteses de sucesso.