BGF Global Allocation: o olhar de Russ Koesterich

André Themudo
Cedida

Artigo de opinião da autoria de André Themudo, membro da equipa de vendas da BlackRock Ibéria. 

Russ Koesterich integra, há mais de um ano, a equipa de gestão do Global Allocation, e contou-nos o que fez para desenvolver o processo de investimento.

Desde a criação da estratégia, em 1989, o fundo Global Allocation tem atravessado uma evolução constante, protagonizada sobretudo pelo aumento da gama de oportunidades de investimento, pelo reforço dos recursos da equipa e pelos contínuos avanços tecnológicos.

O que não mudou nestes quase 30 anos, explica Koesterich, foi o objetivo principal de investimento: gerar rentabilidades semelhantes às das ações globais, num ciclo de mercado completo e com menos um terço de volatilidade. Também se pode dizer que continuam concentrados na gestão de risco, na flexibilidade e no estilo value em decisões de investimento. Ainda assim, preveem que os novos desenvolvimentos lhes permitam assumir risco de uma forma mais deliberada, oferecendo uma vantagem competitiva face a outras soluções multi-ativo, devido ao seu enfoque tanto na seleção de valores bottom-up, como na alocação de ativos top-down.

Fundo diversificado para obter rentabilidade em qualquer situação de mercado

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A confiança tem de ser traduzida em atividade

Na equipa de Global Allocation, estão a ser monitorizados dados económicos chave. Koesterich especifíca que embora se tenha observado uma inegável melhoria na economia global desde princípios de 2016, ainda não se chegou a um consenso sobre se estaremos a entrar numa era de maior crescimento e inflação. Na BlackRock, tal como muitos outros investidores, monitorizam-se com atenção a divergência entre os dados sobre a confiança dos consumidores e empresas, e os dados operacionais, tais como o PIB, as vendas a retalho e outros aspetos como a venda de automóveis. Como resultado desta monitorização  pode dizer-se que a economia global não está a demonstrar um comportamento tão positivo como indicam os dados de confiança, e que é necessário ter provas mais sólidas, especialmente nos EUA, de que a confiança se está a traduzir em atividade.

A equipa de Global Allocation tem uma visão otimista das perspetivas económicas a curto prazo e, consequentemente, também sobre a renda variável, especialmente no Japão e na Europa face aos Estados Unidos. Não obstante, a equipa de gestão teve que realizar alguns pequenos ajustes no posicionamento setorial do fundo, tais como a duração da carteira de obrigações, a exposição ao ouro e o posicionamento em divisas, que serão possíveis salvaguardas caso as perspetivas sobre o crescimento global comecem a agravar-se mais rapidamente.

Volatilidade e convicção

A volatilidade do mercado de acionista encontra-se em mínimos históricos, apesar do aumento da incerteza no plano político e dos riscos geopolíticos. Como é que a equipa gere possíveis aumentos de volatilidade, ao mesmo tempo que procura concretizar as suas ideias de alta convicção?

Koesterich considera que um possível aumento da volatilidade não deveria impedir que se implementem as suas visões baseadas em ideias de alta convicção. Para além disso, na sua opinião, isso deveria incentivá-los a pensar com que ativos estas ideias podem ser combinadas, a fim de gerir o risco de forma eficaz, tanto em termos absolutos como relativos. Infelizmente, a equipa depara-se frequentemente com situações em que os investidores tendem a estruturar carteiras baseadas unicamente nas suas melhores ideias, sem terem pensado devidamente sobre as ligações e a forma como se interrelacionam as diferentes posições. O risco é que os investidores acabem com uma carteira de ideias interrelacionadas no momento errado do ciclo de mercado.

Na atual conjuntura de mercado, protagonizada principalmente por elevadas valorizações dos ativos tradicionais e por uma maior incerteza tanto na política, como na economia global, Koesterich acredita que este tipo de estratégias flexíveis, orientadas para a gestão de risco e para a diversificação das carteiras de investimento, devem voltar a direcionar o interesse dos investidores para o regresso aos lucros competitivos com uma volatilidade menor.

Além do mais, o fundo está de parabéns: a versão UCITS da estratégia BGF Global Allocation completa 20 anos.