De acordo com Filipe Silva, diretor de Investimentos no Banco Carregosa, os dados de confiança dos consumidores nos EUA, divulgados em novembro, mostram um aumento significativo no otimismo relativamente às perspetivas económicas.
O Chart of the Week é da autoria de Filipe Silva, diretor de Investimentos no Banco Carregosa.
Os dados de confiança dos consumidores nos EUA, divulgados em novembro, mostram um aumento significativo no otimismo relativamente às perspetivas económicas, atingindo o nível mais elevado desde meados de 2023. A perceção sobre o mercado de trabalho destacou-se, com os consumidores a demonstrar um otimismo renovado quanto à disponibilidade futura de empregos, alcançando o valor mais alto dos últimos três anos, contrariando a recente fraqueza nos números de emprego não agrícola.
Este cenário de resiliência económica nos EUA levou os investidores a ajustar as suas expetativas quanto a cortes nas taxas de juro no próximo ano. Atualmente, a Reserva Federal pode adotar uma postura mais cautelosa e espera-se que haja apenas três cortes adicionais até ao final de 2025, em contraste com os cinco inicialmente previstos nas projeções de setembro da Reserva Federal. Caso os próximos dados de emprego venham a corroborar a confiança dos consumidores no mercado de trabalho, é provável que o Fed tenha de rever a sua política monetária para o próximo ano.
Os EUA e a Europa continuam a apresentar dinâmicas económicas divergentes, o que pode resultar em ritmos distintos de cortes nas taxas de juro. Nos Estados Unidos, a inflação está mais controlada, e o crescimento económico tem superado as expetativas, permitindo à Reserva Federal manter uma política monetária mais restritiva. Em contraste, na zona euro, embora a inflação subjacente permaneça elevada, o crescimento económico tem sido mais lento, obrigando o Banco Central Europeu a seguir uma abordagem mais cautelosa.
No mercado de trabalho, os EUA continuam a demonstrar resiliência, com condições robustas que dão suporte a medidas mais conservadoras da Fed. Na Europa, embora o desemprego esteja em níveis historicamente baixos, o crescimento do emprego é menos dinâmico. Além disso, a Europa enfrenta maior vulnerabilidade a choques de energia e a tensões geopolíticas, fatores que têm pressionado o desempenho económico da região.
A situação é agravada pelos níveis mais elevados de dívida pública em alguns países europeus, que forçam o BCE a evitar políticas monetárias que aumentem significativamente os custos de financiamento destes governos.
Esta divergência cria tanto oportunidades como riscos para os investidores. Enquanto a Fed parece mais próxima de normalizar a sua política monetária, o BCE enfrenta desafios estruturais que podem prolongar o ciclo de aperto monetário ou exigir intervenções adicionais para estabilizar os mercados financeiros.