João Guilherme de Almeida, analista de mercado de capitais no banco Atlântico Europa, aborda como a política monetária dos principais bancos centrais não se revelou suficientemente eficaz.
(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de João Almeida, analista de mercado de capitais no Banco Atlântico Europa)
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A eficácia da política monetária, seja ela norte-americana por intermédio da Fed ou europeia por via do BCE, é objeto de análise contínua e escrutínio detalhado. Em contexto de crise económica, no qual a viabilidade financeira das empresas enfrenta um cenário particularmente sensível, a sua sobrevivência está em muitos casos dependente de apoios externos. Como tal, os bancos centrais agiram com as ferramentas ao seu dispor, e com base na informação de que dispunham, nomeadamente da experiência que ganharam a lidar com a crise financeira de 2008. ![IMG_20200515_145617](https://fundspeople-repository.s3.amazonaws.com/system/picture/file/243383/fc75609bde7edb6f.jpg)
Porém, o cenário criado pela pandemia é outro. Os estímulos governamentais da Fed, enquanto que rápidos, não surtiram o efeito pretendido – ao invés de apoiarem diretamente o consumo, os cheques entregues à população acabaram por ser maioritariamente aplicados em poupanças e na redução de dívida.
Numa altura em que apelamos à intervenção dos bancos centrais, é importante não olhar apenas para a celeridade da sua ação, mas também avaliar o âmbito e eficácia dos seus instrumentos de política monetária. Talvez um bisturi cirúrgico surta mais efeito do que uma “bazuca”.