No destaque desta semana, Paulo Joaquim, gestor da GNB Gestão de Ativos, salienta a evolução da yield dos 10 anos japoneses nos últimos dois anos, depois das novidades introduzidas pelo BoJ na reunião de 31 de julho.
(O Chart of the Week desta semana é da autoria de Paulo Joaquim, fund manager, da GNB Gestão de Activos)

O “Chart of the Week” representa a evolução da yield dos 10 anos japoneses nos últimos dois anos.
Apesar de alguns investidores anteciparem o anúncio de medidas mais substanciais por parte do Banco do Japão (BoJ) na reunião de dia 31 de julho, ainda assim este introduziu algumas novidades e alterações no sentido de melhorar a sustentabilidade ao seu programa de “Quantitative and Qualitative Monetary Easing and Yield Curve Control”, as primeiras desde setembro de 2016:
A destacar:
- Manutenção do objetivo 0% para a yield dos 10 anos dos JGBs mas tolerando um desvio maior em relação a esse valor, até aos 0,20%;
- Inclusão do “forward guidance” (a la ECB) na definição do horizonte temporal de manutenção das atuais políticas;
- Redução dos montantes de reservas dos bancos impactados pela atual taxa diretora de -0,10%;
- Alteração do peso das compras de ETFs mais relacionados com o Toppix em detrimento dos mais relacionados com o Nikkei.
Após mais de cinco anos de medidas de estímulos extraordinários a inflação japonesa continua teimosamente longe do objetivo de 2%, e numa altura onde os restantes principais bancos centrais se retiram de cena o BoJ continua a defender a importância de manter o seu programa de estímulos por “um período extenso”, apesar de alguma concessão à necessidade de permitir uma ligeira normalização no funcionamento do mercado e reconhecendo os efeitos que a manutenção da atual política monetária tem em alguns setores da economia, nomeadamente na rentabilidade dos bancos.
Há alguns anos atrás, quando a preocupação com a deflação reinava o mundo financeiro, alguns economistas alertavam com uma “japonização” do mundo ocidental. Hoje, com os níveis de inflação a rondar de novo os 2% nos principais blocos geográficos, a questão parece para já ultrapassada. Apenas o tempo dirá se num futuro próximo voltaremos a esse estado de espírito.