Chart of the Week - O preço da pandemia

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(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de Helena Seruca, diretora coordenadora de Banca Privada do Banco Carregosa.)

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Quando o Conoravírus chegou aos mercados no final de fevereiro, chegou com estrondo – os principais índices tiveram quedas de grande dimensão e com uma rapidez histórica.

Houve diferentes teorias, quanto ao melhor “remédio” a implementar, mas todas com a consciência que o lockdown teria custos muito elevados para a economia. Tal como na epidemiologia, a base dos mercados financeiros assenta em números. A dificuldade em saber o número real de casos de infeção e determinar a taxa de infeção e consequentemente a taxa de fatalidade, gera medo e incerteza. O número de mortes é conhecido, mas o número de infetados é alvo de especulação. Qual o trade-off adequado? Quantas mortes são toleráveis? Qualquer número que se chegue, leva-nos a uma recessão…

A relação risco/preço não nos indica o valor, o mercado acionista não é a economia, apesar de nos transmitir o seu estado de espírito. A paragem repentina da atividade comercial: viagens, turismo, restauração, desporto, conferências, etc., significa ausência de receitas, capazes de pagar salários e rendas, resultando em layoff massivos, declínio da oferta e da procura e consequentemente da economia. As respostas encontradas têm sido baseadas no crédito e no maior endividamento das empresas, das pessoas individuais e dos países. O problema do endividamento já existia, mas agravou com a pandemia. A FED injetou biliões, tendo o BCE um comportamento mais conservador que permitiram aos mercados financeiros recuperar uma parte das perdas. A economia demorará mais tempo e o buraco será tanto maior e mais profundo, quanto a demora em regressar à normalidade.

Como em todas as crises, os mercados financeiros são os primeiros a recuperar e a apresentar as oportunidades. Estaremos já a assistir a algumas?