Chart of the Week - Pedidos de subsídio de desemprego disparam nos EUA

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(O 'Chart of the Week' desta semana é da autoria de Eliana Ferreira, economista da Caixa Gestão de Ativos)

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Fontes: US Department of Labor; National Bureau of Economic Research; Caixa Gestão de Ativos.

Dados retirados via Fred, Reserva Federal de St. Louis; https://fred.stlouisfed.org/series/ICSA a 26 de Março de 2020.

Um dos gráficos que marca certamente esta semana é a subida explosiva do número de pedidos de subsídio de desemprego nos EUA, demonstrando o impacto do COVID-19 no emprego. Este indicador, que tem sido o espelho da resiliência do mercado de trabalho e da atividade económica doméstica, sofreu o maior crescimento semanal de sempre, passando de 282 mil para 3,28 milhões, ou seja, um aumento de 1064% (o consenso de analistas situava-se a 1,6 milhões), o valor mais elevado da sua história.

Este é o primeiro indicador quantitativo publicado acerca do mercado trabalho e o que apresenta o menor desfasamento face ao período de análise - é um dado de cadência semanal que reporta à semana anterior - sendo compilado pelo Departamento do Trabalho dos EUA. Assim, é a métrica mais atual que permite averiguar os danos do COVID-19 no emprego americano. Na semana terminada a 14 de março, já se tinha registado um incremento significativo de mais de 70 mil pedidos de subsídio de desemprego, para o nível mais elevado desde setembro de 2017. Este aumento ímpar veio, contudo, a verificar-se na semana terminada a 21 de março, resultado do crescimento mais expressivo de novos casos de COVID-19 bem como das medidas de contenção.

Tendo em consideração que o consumo representa cerca de 70% do PIB real dos EUA, a vitalidade do emprego é crucial para aferir a situação económica do país dado que constitui uma condição necessária para o consumo realizado. Neste âmbito, importa mencionar que um dos indicadores para identificar uma recessão económica nos EUA corresponde a um aumento de 0,5 pontos percentuais da taxa de desemprego (média móvel de 3 meses) face ao mínimo registado nos últimos 12 meses (ver aqui). A autora deste indicador, a economista Claudia Sahm, defende a sua utilização para acionar estabilizadores automáticos em períodos de recessão, através nomeadamente de transferências diretas para os cidadãos (ver aqui). Neste seguimento, se assumirmos que a população ativa (empregados e desempregados) se mantém estável, um aumento de 3 milhões de desempregados corresponde a uma subida da taxa de desemprego de 1,8 pontos percentuais (este acréscimo poderá não estar totalmente refletido no relatório de emprego de março). Deste modo, torna-se facilmente compreensível o porquê de no pacote do estímulo fiscal norte-americano aprovado esta semana, de 2 biliões de dólares (escala longa), constar a transferência direta de até 1.200 dólares para cada adulto, até 2.400 dólares para casais e 500 dólares para cada criança.