O Chart of the Week é da autoria de Sofia Marques Jesus, gestora da BPI Gestão de Ativos.
Esta semana foi divulgado um dado económico que surpreendeu os analistas: o PPI da Alemanha (Índice de Preços no Produtor). Este é um indicador de inflação, que mede a variação nos preços médios recebidos pelos produtores nacionais de bens e serviços.
Divulgado no dia 20 de setembro, o PPI Alemão relativo ao mês de agosto acelerou 7.9% face ao mês anterior, significativamente acima do consenso esperado de 1.6%. Este traduz-se num aumento anual de 45.8%, contrastando com o consenso de 37.1%. Note-se que esta foi a maior variação alguma vez verificada na série histórica do indicador económico, publicado pelo Instituto Federal de Estatísticas Alemão Destatis.
Sem grande surpresa, no contexto atual de mercado marcado pela guerra na Ucrânia e relembrando a dependência Alemã do gás Russo, o principal contribuidor para esta variação significativa foi o aumento dos preços da energia, impulsionados pelos preços da eletricidade e do gás natural. Mais concretamente, os preços da energia aumentaram 139% face ao período homólogo de 2021, e 20.4% face ao mês de julho.
O Bundesbank, Banco Central Alemão, afirmou na passada segunda-feira, que o país poderá deparar-se com um cenário de inflação de dois dígitos, bem como enfrentar uma forte recessão. E de facto, um aumento tão expressivo no PPI deverá impactar significativamente o CPI (índice de Preços no Consumidor) do país, alinhando-se com as previsões do Banco Central, e poderá também continuar a colocar pressão nas taxas de juros de curto prazo dos governos Europeus.
