Chart of the Week - tecnologia chinesa: marked-to-marxist

Hussein Sacoor Sig
Hussein Sacoor. Crédito: Vitor Duarte

O Chart of the Week é da autoria de Hussein Sacoor, CIO da SIG Capital.

Durante o último trimestre, os índices de ações chinesas têm tido um desempenho significativamente inferior aos pares americanos, tendo o índice de referência de empresas tecnológicas chinesas – CSI China Internet ETF – corrigido mais de 35% neste período. A causa primária desta contração pode ser atribuída a um regime de medo proveniente da percecionada escassez de liquidez perante uma normalização de estímulos fiscais (China SHIBOR superou o patamar dos 3%), especulação dum possível contágio referente ao incumprimento da dívida subordinada do Huarong Bank, headline risk das novas diretrizes regulatórias nos sectores de eCommerce, EdTech e FinTech e o atípico fluxo e volumes erráticos de capital nos mercados acionistas, derivado da implosão Archegos Capital que impulsionou o pior episódio de desalavancagem de ADR chineses desde 2015, de acordo com o Goldman Sachs. Em contrapartida, a composição dos principais indicadores económicos (segundo a mais recente divulgação do China Beige Book) já recuperaram quase na totalidade para os níveis pré Covid num caso clássico de first-in, first-out. Similarmente a China New Economic Index, impulsionado pela robusta atividade corporativa, inovação industrial e ventos favoráveis de políticas self-sufficiency como o Made in China 2025 e a Internet+, atingiu um máximo histórico de 29.1%, o que significa que setores da nova economia já representam 29.1% dos inputs domésticos chineses - um recorde histórico.

Olhando além do ruído temporário induzido por episódios macroeconómicos, todos os caminhos levam a crer que os índices chineses e algumas das suas principais componentes estão relativamente subvalorizadas e intrinsecamente atraentes. No entanto, investidores institucionais e os fundos das powerhouses de gestão passiva permanecem com uma exposição reduzida e desproporcional para aquele que é o terceiro maior global equity pool, com uma valorização acima de 9 biliões de dólares. A estrutura do mercado de ações chinesas (tanto onshore como offshore) prima por retornos idiossincráticos, em que o alfa tem maior peso que o beta, demonstrado pela alta dispersão de retornos - 11% - e as mais baixas correlações dos últimos 5 anos - 0.21 - quando comparados com uma combinação de benchmarks globais. Por fim, o segmento de China Technology está valorizado (em termos de múltiplos de cashflow) em 1,3 desvios padrões abaixo das médias históricas e com um forward PEG (price/earnings-to-growth) 40% abaixo dos comparáveis americanos – representando o maior delta dos últimos cinco anos. Assim sendo, o velho provérbio in China you get twice the growth for half the price volta a ganhar relevância.