Cidades na era pós Covid-19: prosperidade ou êxodo rural?

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(TRIBUNA de Hugo Machin e Tom Walker, gestores do Schroder International Selection Fund Global Cities Real Estate. Comentário patrocinado pela Schroders.)

No contexto de confinamento provocado pelo Covid-19, a tecnologia permitiu que um grande número de pessoas trabalhem a partir de casa, suprimindo a necessidade de estar num escritório diariamente. Isto há 20 anos não teria sido possível, mas a pandemia atual acelerou a digitalização e o teletrabalho e, durante os próximos anos, muitas pessoas vão poder escolher continuar a trabalhar a partir de casa. Também fez com que muitas pessoas pensem numa mudança de vida e que aumente a procura de propriedades nos arredores das grandes cidades.

Apesar disso, na Schroders acreditamos que as interações entre profissionais e clientes nos centros urbanos – as partes mais conectadas das cidades – terão mais importância. Assim, em vez de diminui o poder das cidades globais, estas mudanças poderão dar-lhes ainda mais valor.

De facto, antes da pandemia de Covid-19, a procura por espaços para escritórios já se tinham debilitado à medida que as empresas favoreciam a conciliação e aumentava o uso de escritórios flexíveis (como os coworkings). Esta tendência acelerou.

Os edifícios terão outras funções

A forma como usamos os edifícios nas cidades globais mudará, mas o núcleo urbano continuará a ser vital para o funcionamento eficaz da economia de uma cidade global. Por exemplo, os centros de investigação biomédica próximos das universidades terão mais protagonismo. E cidades como Boston, líderes em investigação médica, ganharão ainda mais relevância, dado o ênfase nos cuidados de saúde e investigação.

Por outro lado, o valor dos centros logísticos próximos às populações grandes e ricas supera o valor dos pontos de venda. As transações das grandes empresas de Internet refletem a sua necessidade de poder distribuir a partir de onde as pessoas costumam comprar. Isto representa uma mudança profunda no uso do terreno.

Assim, com um maior número de pessoas a trabalhar a partir de casa, não fará sentido que as empresas mantenham os seus escritórios em localizações secundárias ou em lugares menos conectados, o que fará com que procura deste tipo de escritórios sofra um colapso. A maioria das empresas vai dar prioridade aos seus escritórios em lugares mais conectados ou vão utilizar alternativas de escritório flexíveis.

A urbanização continua a ser uma tendência a longo prazo

A urbanização não é uma tendência a longo prazo que se acelerou desde os primeiros dias da revolução industrial. Por isso, as cidades continuam a ser a forma mais eficientes para que os humanos vivam e trabalhem. De facto, continuam a ser impulsionadoras do PIB dos países e regiões onde se localizam.

Uma das principais vantagens das cidades globais é a possibilidade de que as indústrias se agrupem, impulsionando a eficiência mediante o intercâmbio de conhecimento e experiências. De facto, a especialização de algumas cidades globais pode concentrar-se mais, por exemplo, em finanças, meios de comunicação e tecnologia.

Sem dúvida, todas estas mudanças atraem capital externo (capital de risco) criando uma profecia auto-cumprida de investidores e rentabilidade e que, por sua vez, geram um vasto leque de oportunidades para as carteiras. Com esta tela de fundo e convencidos do potencial a longo prazo que pode ser conseguido ao investir nas metrópoles globais, lançámos em 2005 o fundo Schroder ISF global Cities Real Estate, que tem como objetivo proporcionar retornos a longo prazo investindo em empresas que possuem os melhores bens imobiliários em cidades globais. Este fundo proporciona exposição ativa a longo prazo a temáticas de investimento duradouras que estão a transformar o planeta e a vida diária dos cidadãos.