Emergência climática: como os investimentos podem fazer a diferença

TRIBUNA de Amarachi Seery, analista de sustentabilidade da equipa de Ações Globais Sustentáveis, Janus Henderson Investors. Comentário patrocinado pela Janus Henderson Investors.

Pontos-chave:

• Os reguladores devem desempenhar um papel nas alterações climáticas. A Europa já promulgou regras para melhorar a transparência e reduzir o greenwashing no espaço de investimento, o que impulsionou a procura de produtos que colocam a sustentabilidade no centro do processo de investimento.

• Chegar a zero emissões líquidas é crucial, e isto requer o compromisso de todas as empresas de todos os setores. A certificação de neutralidade de carbono pode ser aplicada para assegurar que a declaração de neutralidade de carbono de uma empresa seja robusta e credível.

• As expetativas são elevadas para a próxima reunião COP26, onde os líderes mundiais discutirão mudanças políticas significativas para enfrentar as alterações climáticas. Acreditamos que esta é uma oportunidade de fazer parte de algo grande.

O Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) acaba de publicar a primeira parcela do seu Sexto Relatório de Avaliação, o que faz uma leitura sombria. Encorajo todos a pelo menos ler as manchetes, que deixam claro o estado de emergência climática que enfrentamos como espécie.

Os cientistas altamente qualificados que participaram no Grupo de Trabalho não pouparam os sentimentos de ninguém quando expuseram uma verdade que muitos de nós tentamos ignorar: que as alterações climáticas já estão connosco e só irão piorar se não mudarmos os nossos caminhos como espécie. Isto é evidente nas cheias repentinas que temos sofrido em Londres, Hubei na China, Alemanha e muitos outros lugares nos últimos dois meses. Os incêndios florestais devastaram também partes dos Estados Unidos, Argélia, Grécia, Rússia e vários outros países. Os nossos colegas, amigos e famílias estão a ser afetados pelas alterações climáticas. Na altura da redação, muitos dos empregados de Janus Henderson em Denver, Colorado, estão a lidar, pelo segundo ano consecutivo, com a poluição do ar causada por incêndios florestais. Alguns tiveram de limitar o seu tempo ao ar livre e sofreram dores de garganta e dificuldades respiratórias.

Tendo trabalhado apenas em funções de sustentabilidade durante toda a minha carreira, isto entristece-me porque o relatório da IPPC deixou claro que isto poderia ser o nosso novo normal, e que estamos a ficar sem tempo para corrigir as coisas. Contudo, trabalhar na sustentabilidade é ser otimista perante aqueles que lhe dizem que o que está a fazer é ridículo. Quando comecei a estudar isto em 2004, fui ridicularizado como um "abraçador de árvores" e um "utilizador de sandália" e disse categoricamente que não haveria trabalho para mim no futuro. Oh, como as coisas mudaram.

A leitura do relatório completo (que tem quase 4.000 páginas) não é fácil. Embora tenha sido escrito principalmente para a atenção dos decisores políticos, existem algumas oportunidades para os investidores tirarem partido delas.

1. Os reguladores devem ter um papel em matéria de alterações climáticas: o IPCC dirigiu-se claramente aos decisores políticos porque os seus peritos reconhecem que as mudanças necessárias devem ser em grande escala. Levando isto para o mundo do investimento, a Europa publicou regras como a União Europeia (UE) Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR) e a taxonomia para atividades sustentáveis. Este regulamento obriga os gestores de ativos a normalizar a elaboração de relatórios sobre a integração ambiental, social e de governação (ESG), melhorando assim a transparência e reduzindo as instâncias de eco-posturing (fornecendo informações enganosas sobre as iniciativas dos ESG). Como resultado, a procura de produtos centrados em características ambientais e sociais ou destinados a investimentos sustentáveis (referidos como Artigo 8 e Artigo 9 na UE) aumentou consideravelmente.

2. Chegar a zero emissões líquidas é crucial O relatório IPPC destaca as razões científicas pelas quais tudo terá de se tornar zero emissões líquidas de carbono até 2050. Isto não será uma realização fácil. Se assim fosse, já o teríamos feito até agora. Um elemento-chave da luta contra as alterações climáticas é que as empresas em todo o mundo mantenham uma pegada zero de carbono. Isto pode ser conseguido através de uma combinação de várias medidas, tais como a redução do consumo, a compra de energia renovável ou certificados de compensação energética e, em geral, créditos de carbono de projetos de redução de carbono certificados independentemente. Muitas organizações procuram a certificação de neutralidade de carbono através do Protocolo de Neutralidade de Carbono, que fornece a garantia de que a alegação de neutralidade de carbono de uma empresa é robusta e credível. A Janus Henderson orgulha-se de ser CarbonNeutral® desde 2007.

3.  As alterações climáticas requerem colaboração: A crise que hoje enfrentamos é tão grande que não pode ser resolvida por uma só empresa. Requer a colaboração da indústria e não só. Como parte do nosso compromisso de investimento responsável, a Janus Henderson participa numa vasta gama de iniciativas da ESG como membro, patrocinador ou na qualidade de consultor. Para mais informações, consulte a secção ESG do nosso sítio web.

O trabalho sobre as alterações climáticas não está feito e a situação parece sombria, mas temos esperança de que possa ser ultrapassada. Os cientistas dos grupos de trabalho do IPCC também pensam assim, caso contrário não continuariam a escrever relatórios e a fazer o trabalho científico (principalmente numa base voluntária) se as coisas não pudessem mudar. As expetativas são elevadas para a próxima reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021, onde os líderes mundiais discutirão mudanças políticas significativas para enfrentar as alterações climáticas. Acreditamos que esta é uma oportunidade de fazer parte de algo grande, e para o qual também estamos prontos a contribuir.

* A certificação CarbonNeutral® aplica-se a Janus Henderson Investors a partir de 2017, e a Henderson Global Investors antes dessa data.

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