Esta semana vou estar de olho... na evolução da história da Gamestop

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Foto de Vitor Duarte

(O ‘Esta semana vou estar de olho…’ a é da autoria de Duarte Francisco, selecionador de fundos da Millenium BCP - DWM)

Os últimos dias do mês de janeiro ficaram marcados pela forte valorização da cadeia de lojas especializadas em videojogos Gamestop, movimentação essa que causou avultadas perdas aos principais hedge funds norte americanos que tinham bastantes posições curtas na empresa. 

Tudo começou ainda em 2019, através do WallStreetBets da Reddit, um fórum online onde investidores amadores e profissionais trocam ideias sobre os seus investimentos. Nessa altura um utilizador identificou que a empresa estava subavaliada e que eram necessários apenas pouco mais de 45 milhões de dólares para comprar a totalidade do seu free-float, algo que a comunidade do WallStreetBets poderia fazer em conjunto. A adicionar a isto, fatores como: a empresa ser uma das empresas com maior volume de apostas de hedge funds contra si – a certo ponto, mais de 100% das suas ações disponíveis em mercado estavam a ser shorted e um grande aumento do número de seguidores da comunidade WallStreetBets foram essenciais para, no início de 2021, com um massivo volume de compras vindas essencialmente de investidores privados,  as ações da empresa valorizarem de 20 (no dia 12 de janeiro) para 450 dólares (no dia 28) em menos de um mês. Vários hedge funds, que mantiveram as suas posições curtas contra a Gamestop abertas, registaram avultadas perdas. O Melvin Capital Management, necessitou inclusive de uma injeção de capital substancial para se poder manter em atividade. Após isto, várias corretoras proibiram os clientes de retalho de transacionar a empresa (nenhum hedge fund foi proibido), o que causou alguma consternação na comunidade do WallStreetBets.

Apesar de a história da Gamestop estar praticamente resolvida e as ações já terem revertido grande parte da valorização observada em janeiro, considero que podemos estar perante um ponto de viragem que me suscita várias questões para o futuro: qual será o futuro da empresa? Estes tipos de movimentações passarão a ser comuns no mercado? Quem serão as próximas “vítimas”? Vão existir mais alterações regulamentares para evitar movimentos como estes? Como poderão os fundos de hedge funds controlar este tipo de movimentos?

Ficaremos certamente expetantes para ver quando e como o jogo vai acabar!