Hugo Gerald Freitas, responsável pela equipa de Investimentos do ABANCA, destaca, entre outros, a divulgação do índice de atividade industrial nos EUA, Alemanha, França e zona euro e a divulgação da leitura do índice de Confiança dos Consumidores nos EUA.
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O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Hugo Gerald Freitas, responsável pela equipa de Investimentos do ABANCA.
O mercado tem-se revelado muito preocupado com as guerras comerciais, assim como os seus efeitos adversos (seja no PIB, seja na inflação, ou seja, por exemplo, no próprio indicador de emprego).
Temos vindo a notar que a divulgação de alguns dados económicos positivos não está a ter o mesmo impacto que antes, dado o aumento da incerteza conforme, constatável no aumento do índice de volatilidade do S&P 500, mais conhecido por VIX – CBOE Volatility Index – um índice divulgado pela Chicago Board Options Exchange que mede a expetativa de volatilidade do mercado de ações com base nas opções do índice S&P 500. Trata-se de um indicador calculado e divulgado em tempo real que também é apelidado de índice do medo, uma vez que, quando apresenta leituras mais elevadas, é sempre sinal de medo, ou mesmo pânico nos mercados.

Podemos desde já concluir que o arranque de 2025 está a ser mais volátil (e, portanto, com maiores níveis de receio/medo) que o de 2024, na verdade, desde o arranque do ano de 2024 até precisamente ao dia 21 de março este indicador evidenciou uma leitura média diária de 13,75, ao passo que em 2025 até exatamente o mesmo dia, já leva uma média diária de 18,44.
Obviamente não será alheio a este facto a política que tem vindo a ser seguida pela nova administração dos E.U.A., numa postura claramente agressiva em termos de imposição de tarifas comerciais de valor extremamente avultado, numa clara tentativa de, por um lado proteger as suas empresas em termos nacionais e, por outro, de equilibrar as contas públicas da economia mais endividada do mundo e da nação com mais avultadas despesas em defesa.
Inclusivamente a própria reserva federal parece estar a navegar por entre o nevoeiro da própria guerra comercial, que ameaça uma escalada de preços e um enfraquecimento da economia. Nada que surpreenda Powell de resto, recordemo-nos que nos seus sete anos de mandato já passou pela primeira guerra comercial de Trump, por uma pandemia, leituras históricas de inflação no pós-pandemia, falências bancárias de grande visibilidade e agora parece mais uma vez desafiado a lutar por preservar a sua independência e a autonomia da instituição que representa.
Por todas estas razões, somos levados a pensar que os drivers do momento que mais estão a influenciar os mercados são de índole política, mais que económica. As tarifas afetam claramente a inflação e o crescimento económico, assim como eventuais movimentações políticas no sentido da paz, ou da guerra, determinam perspetivas de abrandamento ou crescimento, respetivamente.
Nesse sentido e, não obstante, termos durante a última semana completa de março um calendário recheado de importantes indicadores económicos, que vão desde a divulgação do índice de atividade industrial nos EUA, Alemanha, França e zona euro (PMI Industria, 2ª Feira), passando pela leitura do sentimento económico na Alemanha (IFO, na 3ª Feira), pela divulgação dos índices de atividade em França (PMI Serviços, na 3ª Feira), do indicador de sentimento económico na Alemanha (IFO Business Climate, 3ªFeira) e terminando com a divulgação da leitura do índice de Confiança dos Consumidores nos EUA (4 ª Feira), importa claramente estar atento à agenda de Trump.
É verdade que as agendas presidenciais são tipicamente divulgadas com poucos dias de antecedência, contudo a esta data já sabemos, por exemplo, que na próxima 3ª Feira, dia 25 de março, Trump irá falar com Putin sobre o cessar-fogo na Ucrânia. O objetivo passa, para já, por um cessar-fogo provisório de 30 dias. Recordemo-nos que a Ucrânia já tinha mostrado abertura para aceitar essa proposta da parte dos EUA, faltando agora a parte russa. Os EUA já enviaram recentemente Steve Witkoff (enviado especial dos EUA a Moscovo) no sentido de fazer avançar as negociações. Witkoff comentou que as discussões com Putin tinham sido "positivas" e "baseadas em soluções". Putin também já tinha demonstrado abertura para o cessar-fogo, no entanto, exigia condições prévias. Será um tema claramente difícil, especialmente tendo em conta as posições extremadas entre a Rússia e Ucrânia, no entanto, ao tratar-se de um primeiro passo, leia-se um cessar-fogo provisório, as exigências de parte a parte não serão também, naturalmente, as finais. Trata-se de um tema claramente a seguir e que seguramente também terá uma forte influência na leitura do tal indicador que mencionei no início desta rúbrica, o VIX. A bandeira branca seria muita bem-vinda …