Guilherme Almeida, Investment strategist na Millennium bcp - DWM, aponta para a próxima divulgação do indicador de inflação em Tóquio.
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Como sabemos, a evolução da inflação no Japão nos últimos anos teve um comportamento mais benigno do que nos países ocidentais. Por um lado, a subida máxima do nível geral de preços observada na sequência do choque energético foi apenas 4.4%, que compara com 9.1% nos EUA e mais de 10% na zona euro e no Reino Unido. Por outro lado, ultrapassado esse choque, o abrandamento da inflação foi mais célere e a variação homóloga do índice geral e subjacente de preços está hoje próxima do objetivo de 2% definido pelo Banco do Japão.
Durante este período, a política monetária no Japão manteve-se relativamente inalterada, em contraste com outras regiões onde os bancos centrais promoveram uma das mais rápidas subidas das taxas de juro em décadas. Apenas em março deste ano, em total contraciclo com os bancos centrais ocidentais, o Banco do Japão moderou o pendor expansionista da sua política, anunciando uma tímida subida da taxa de referência para um intervalo entre 0% e 0.10% (a primeira subida em 17 anos!), o fim do controlo da curva de yields e o início da redução do programa de compra de ativos. A decisão foi tomada depois de conhecido o desfecho das negociações salariais entre as maiores confederações sindicais e empresas nacionais que confirmaram um aumento expressivo, o que suportou as projeções de que a inflação se manterá próxima do objetivo a médio-prazo.
Embora sem estar refém de um cenário de elevadas pressões inflacionistas, a estabilização da inflação a um nível próximo do objetivo de 2%, em conjunto com recuperação da atividade (alicerçada na recuperação do consumo das famílias), pode persuadir o Banco do Japão a subir novamente as taxas de juro no segundo semestre.
No dia 26, será revelado o indicador de julho da inflação em Tóquio, tipicamente considerado um indicador avançado para as tendências de preços nacionais, a tempo de ser incorporado na discussão do comité do Banco do Japão na reunião agendada para a semana seguinte. O tema da depreciação continuada do iene também não estará esquecido, sabendo as autoridades que a normalização da política monetária terá um impacto mais duradouro na estabilização da moeda do que as recentes intervenções pontuais no mercado.