O contributo desta semana é de Manuel Gonçalves Ferreira, managing director do BBVA, que analisa a inclinação das curvas de rendimento da zona euro após Mario Draghi ter surpreendido o mercado ao manter a inflação em níveis próximos dos 2%.
(O contributo desta semana é da autoria de Manuel Gonçalves Ferreira, Managing Director do BBVA)
Mario Draghi voltou a surpreender boa parte do mercado e reiterou a firme determinação de prosseguir com todos os meios ao seu alcance para prosseguir a árdua missão de tentar elevar a inflação para níveis mais próximos dos 2%. Inclusivamente foi mais além e apelou fortemente a uma maior abertura fiscal por parte dos estados membros. Desta vez vou estar atento à alteração das expectativas da inflação porque a combinação de uma descida de taxas de juro com um QE, juntamente com um forte apelo a mais gastos públicos para relançar a procura interna pode realmente ter efeito. O BCE com as suas medidas (taxa de depósito, TLTRO) ancorou as taxas de juro de curto prazo em níveis baixos e direcionando o QE para maturidades até 5 anos deu espaço para a curva de rendimentos ganhar inclinação e incorporar expectativas de inflação mais elevadas. Esta semana é importante para ver se realmente essa inclinação se vai progressivamente materializando como antecâmara desse processo ou se predomina a perceção que os habituais efeitos das políticas monetárias e fiscais estão agora mais condicionados, e os efeitos da globalização, da revolução digital, da estrutura demográfica e do ambiente de taxas negativas colocam desafios ainda mais exigentes.