Margarida Gonçalves, analista financeira no BPI, comenta a importância da próxima reunião da Fed para os investidores bem como as perspetivas destes, olhando ainda para a divulgação do relatório de emprego nos EUA.
O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Margarida Gonçalves, analista financeira no BPI.
Numa altura em que os investidores estão muito centrados na evolução das taxas de juro de curto prazo, as reuniões da Reserva Federal têm um impacto significativo na evolução dos mercados financeiros.
Depois de, na última reunião, a Fed ter mantido as taxas de juro inalteradas no intervalo de 5.25%-5.50%, mas ter alterado o tom do seu discurso, tornando-o mais hawkish, as expetativas dos investidores quanto ao número de cortes de taxas em 2024 foram revistas em baixa de três cortes para um a dois cortes.
Na ata da última reunião, a Fed acabou por referir que necessita de maior evidência de que a inflação está a descer de forma sustentável para o seu objetivo de 2% antes de cortar as taxas, por isso, a probabilidade de haver um corte nesta reunião é de apenas praticamente nula.
Ainda assim, qualquer indicação sobre a evolução futura das taxas de juro é essencial para o sentimento, pelo que o discurso de Jerome Powell após a reunião de dia 1 de maio é o momento mais aguardado pelos investidores.
Projeções para evolução da FedFunds Rate
Na sexta-feira teremos também a divulgação do Relatório de Emprego relativo ao mês de abril, que permitirá confirmar se a economia norte-americana se mantém numa trajetória de soft landing. Qualquer surpresa neste relatório pode influenciar também as futuras decisões do banco central, devido ao seu duplo mandato (inflação & emprego). A previsão dos analistas aponta para a criação de 250 mil postos de trabalho, um nível bastante robusto, ainda que inferior aos 303 mil criados em março. Já a taxa de desemprego deverá manter-se inalterada, nos 3.8%.
A semana será bastante intensa em termos de divulgação de dados macroeconómicos nos EUA, com destaque ainda para a divulgação do indicador de atividade ISM da indústria e das encomendas de bens duradouros, importantes para aferir a robustez da economia americana.