O Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Duarte Ferreira, gestor de carteiras na CA Gest.
Esta semana, todas as atenções estarão voltadas para a reunião de política monetária da Reserva Federal dos EUA, que ocorrerá entre os dias 17 e 18 de setembro. No mercado está incorporada uma expetativa crescente de que a Fed possa finalmente começar a cortar as taxas de juro, com uma probabilidade considerável de uma redução entre 25 e 50 pontos base. Esta decisão é aguardada ansiosamente, especialmente após um longo ciclo de aumentos que estabilizou as taxas de juro na faixa dos 5.25%-5.50% desde julho de 2023. A Fed tem procurado equilibrar o objetivo de normalização da inflação, que está a aproximar-se gradualmente da meta dos 2%, com a necessidade de prevenir uma eventual recessão e de garantir uma deterioração controlada do mercado laboral.
O foco nesta reunião estará não só não decisão em si, mas também na mensagem quanto a futuros cortes. Embora a inflação tenha recuado significativamente e esteja já relativamente próximo do desejado, o mercado laboral tem perdido alguma tração. A taxa de desemprego avançou, mas para já sem um impacto significativo no sentimento dos agentes económicos, e a criação de postos de trabalho moderou, mas permanece a níveis salutares. Além disso, as previsões de crescimento económico para os próximos meses continuam positivas, o que pode reforçar a confiança do Fed para começar a cortar as taxas de forma gradual. No entanto, as pressões inflacionistas ainda visíveis no setor os serviços poderão influenciar o rumo de política monetária no remanescente do ano.
Estarei de olho nos impactos que esta decisão poderá ter nos mercados financeiros globais. Um corte das taxas de juro poderá estimular os mercados de ações, e muitos analistas acreditam que um movimento cauteloso do Fed (25 pontos base) será visto de forma positiva. Ao mesmo tempo, o comportamento do dólar americano, que se tem fortalecido nas últimas semanas, deverá ser monitorado de perto. Para os investidores, as palavras de Jerome Powell serão escrutinadas de forma próxima, pois delas dependerá o rumo próximo da política monetária dos EUA e, consequentemente, a necessidade, ou não, de ajustar as atuais estratégias de alocação de ativos.