Ana Gomes, CFA, consultora de investimentos da Tree Family Office, estará atenta, esta terça-feira, aos detalhes que a empresa partilhará sobre as suas baterias.
(O 'Esta semana vou estar de olho em...' desta semana é da autoria de Ana Gomes, CFA, consultora de investimentos da Tree Family Office)
Esta semana vou estar de olho no Battery Day da Tesla, que acontecerá esta terça-feira. Neste evento, a empresa irá partilhar detalhes sobre a tecnologia, atual e futura, das suas baterias. São esperadas novidades relativamente a custos mais baixos das mesmas e da sua maior capacidade de duração e de vida. Aliás, a expectativa é que seja partilhada informação sobre a materialização de uma bateria com uma duração de vida de mais de um milhão de milhas (seria uma enorme vantagem competitiva); como é que a Tesla está a trabalhar para reduzir o cobalto nas suas baterias e ainda se os preços das baterias cairão o suficiente para que possa produzir veículos elétricos tão baratos como os carros convencionais. A expectativa é grande, tanto para aficionados do setor automóvel e da sustentabilidade, como entre os investidores.
As notícias partilhadas neste evento poderão dar um novo impulso à cotação da ação, particularmente atendendo ao seu contexto recente: a euforia do stock-split anunciado em agosto, seguida de uma forte correção sofrida no início de setembro, após se saber que a Tesla não iria integrar o índice S&P500.
Ademais, o comportamento bolsista da Tesla é um case study. Só desde o início do ano a ação já valorizou mais de 400%, apesar dos lucros continuarem escassos. A sua capitalização bolsista é já superior a 400 mil milhões de dólares, sendo apenas ultrapassada por 7 empresas do S&P 500 e vale o mesmo que vários dos maiores construtores automóveis juntos. Provavelmente está, não só, a ser valorizada como uma empresa tecnológica, como está mais cara que essas tecnológicas, olhando para rácios como o PER ou o Price/Sales.
A verdade é que todo o setor está ao rubro. Além da Tesla, e dos fabricantes tradicionais que estão agora a apostar em força nos BEV (Battery Eletric Vehicule - 100% elétricos) e PHEV (Plugin Hybride Eletric Vehicule - híbridos plug in), surgem novos atores, como as empresas chinesas incentivadas pelo Estado e várias startups.
Assim, a expectativa sobre o Battery Day da Tesla é grande, (até porque no mesmo dia ocorre igualmente a reunião anual de acionistas da empresa). Anteriores apresentações do carismático Elon Musk tiveram o condão de fazer mexer a cotação. Serão as novidades partilhadas no evento um “game changer”, capaz de restaurar a energia à cotação da Tesla e talvez contagiar um setor tecnológico, onde o ímpeto ascendente das “megacaps” parece finalmente estar a quebrar? Ou já estarão estas expectativas incluídas na generosa valorização atribuída à Tesla que, tal como os foguetões de Musk, ultrapassaram a estratosfera?