Guilherme Neves (Invest Gestão de Activos): “Defendemos uma estratégia barbell composta por ações value combinadas com ações growth”

Guilherme Neves. Créditos: Cedida (Banco Invest)

TRIBUNA de Guilherme Neves, do departamento de Gestão de Ativos na Invest Gestão de Activos.

Na nossa perspetiva 2022 deverá ser um ano em que as economias a nível global continuam a crescer acima da média histórica, sendo esta visão condicionada à evolução da pandemia. Dentro dos países desenvolvidos as estimativas oficiais apontam que os EUA cresçam um pouco mais que a Europa, com o Japão ser das grandes economias desenvolvidas aquela que apresentará o crescimento mais modesto.

Relativamente aos emergentes, o país com maior crescimento em 2022 deverá ser a Índia. A China é esperada crescer entre 5 a 6% devido à desaceleração do setor imobiliário, que se espera vir a ser compensada com medidas de estímulo fiscal e monetário por parte do governo e do banco central, respetivamente. As economias sul americanas farão substancialmente pior que as congéneres asiáticas, de acordo com o Outlook do FMI publicado em outubro de 2021.

Classes de ativos melhor posicionadas

A nossa preferência dentro do universo de renda fixa é o high yield e a dívida hibrida, dado que o investment grade senior e os governos de países desenvolvidos aos níveis atuais oferecem pouco valor, constituindo-se apenas como uma cobertura em caso de uma queda mais significativa no mercado acionista.

No mercado acionista, dado o atual contexto marcado por valorizações elevadas e níveis de inflação acima da média dos últimos anos, a seletividade é a palavra de ordem para 2022. Assim, defendemos uma estratégia barbell composta por ações value combinadas com ações growth, expostas às grandes tendências estruturalmente atrativas, como as infraestruturas, saúde e transição digital ou energética.

Adicionalmente, favorecemos alguma exposição a commodities como cobertura face aos riscos inflacionários e a investimentos alternativos como forma de diversificar a carteira e capturar o prémio de iliquidez.

Dado o momento atual dos mercados, consideramos prudente manter uma pequena alocação liquidez como alternativa ao investment grade, que poderá ser usada para reforçar exposição a ativos de risco caso haja alguma correção mais substancial nos mercados.

Riscos

O maior risco para 2022 continua a ser a incerteza gerada pela evolução pandémica. Adicionalmente existe um risco secundário de uma inflação mais persistente, combinada com um tapering demasiado agressivo por parte da Fed.

Em termos geográficos a desaceleração da economia chinesa é um risco que deve ser monitorizado. No entanto, dado o valuation gap para os principais índices mundiais esse risco parece já estar, em larga medida, descontado pelos mercados.

Fundo de investimento recomendado

Smart Invest PPR/OICVM Dinâmico - Fundo De Investimento Mobiliário Aberto De Poupança Reforma. Este fundo permite aos investidores obter uma exposição global às diversas classes de ativos de uma forma eficiente, a baixo custo e com os benefícios fiscais associados ao regime fiscal dos fundos PPR.

Evolução da inflação

A inflação deverá abrandar dos níveis atuais, mas manter-se acima dos níveis pré-covid. Esta redução deverá, entre outros, ocorrer devido à normalização das cadeias de abastecimento, levando a uma menor pressão nos preços de alguns bens como os automóveis, que presentemente estão a pressionar os índices de preços no consumidor.

Existem alguns riscos que devem continuar a ser monitorizados como a pressão no mercado laboral, assim como alguma falta de investimento nas cadeias logísticas e na pesquisa e produção de algumas commodities a nível global.

Temas de investimento

Os principais temas que seguimos e nos quais estamos investidos são: digitalização, infraestruturas, transição energética, saúde, alterações demográficas, e novas tendências de consumo.