O que esperar de 2019?

Carlos_Bastardo
Vitor Duarte

Até 22/11, os principais índices bolsistas apresentavam performances negativas: o índice S&P 500 estava com uma performance year to date de -0,9%, o índice EuroStoxx 50 com -10,5%, o índice DAX com -13,6%, o índice CAC 40 com -6,8%, o índice MIB com -15%, o índice IBEX com -11,4% e o índice PSI 20 com -10,4%. Só com um milagre os índices europeus irão fechar o ano de 2018 em terreno positivo.

Numa altura em que as economias estão a desacelerar o seu crescimento económico, com o PMI da indústria nos EUA e na Zona Euro em outubro nos 55,7 e 52 pontos, abaixo dos máximos anuais (56,5 nos EUA e 59,6 na Zona Euro), as perspetivas para os próximos meses, não sendo negativas, não apontam para um cenário de grande otimismo nos retornos que poderão vir a ser alcançados nas bolsas.

Se o ano de 2018 foi caraterizado por um aumento da volatilidade (o índice VIX estava no final de 2017 nos 9,15 pontos, teve um máximo de 37,32 pontos no dia 5 de fevereiro de 2018 e em 20/11 encontrava-se nos 21,72 pontos), o ano de 2019 afigura-se para já na continuação do mesmo cenário.

A subida prevista dos juros nos EUA no próximo mês e pelos menos mais duas vezes em 2019; a guerra comercial EUA / China em que não existe ainda um entendimento entre as duas potências mundiais; a Coreia do Norte a preocupar novamente; as sanções dos EUA ao Irão; a fraqueza de diversos governos europeus especialmente o alemão; os efeitos do Brexit; a desavença da Comissão Europeia (CE) com o governo de Itália promete continuar com as multas e penalizações; até Portugal não escapa, uma vez que a CE já disse ao ministro das finanças português que deseja ver mais medidas, pois duvida do cumprimento do défice de 0,2% inscrito no Orçamento do Estado para 2019.

Se a confiança for afetada, iremos assistir a uma menor performance das economias, com natural impacto negativo nos resultados líquidos das empresas. Portanto, se 2018 não tem sido um ano fácil, 2019 poderá vir a ter as mesmas características.

Os investidores, como manda a prudência na gestão de ativos financeiros, devem numa primeira fase rodar os portfolios para um nível de risco mais reduzido, substituindo ações com maior beta (maior risco sistemático ou de mercado) para ações mais defensivas ou com menor beta e fazendo alguma cobertura de risco com derivados.

Numa segunda fase e caso as condições macroeconómicas se deteriorem, ou as épocas de anúncio de resultados por parte das empresas não decorrerem como as expetativas dos analistas financeiros, os investidores deverão preparar-se para assumir menos risco, com a inevitável redução de exposição a ativos com risco, nomeadamente ações.

Este bull market iniciou-se há mais de 9 anos. No dia 9 de março de 2009, o índice S&P estava nos 660 pontos e hoje está nos 2.700 pontos e já esteve perto dos 3.000 pontos. Daí que o conceito de prudência esteja a ganhar peso no pensamento e nas decisões dos investidores.