Outlook  2020: Quo vadis ESG?

Mikko Rapatti
Vitor Duarte

(TRIBUNA de Mikko Ripatti, Senior Client Portfolio Manager da DNB Asset Management. Comentário patrocinado pela DNB Asset Management.)

O ESG passou de um assunto tendência para um assunto obrigatório que nenhum investidor vai conseguir evitar em 2020. Contudo, ainda há uma falta de clareza sobre o que o ESG realmente significa no processo de investimento.

As incertezas e interrogações nos mercados de ações também não vão diminuir este ano. Os temas dominantes vão continuar a incluir sustentabilidade com o foco no ambiente, problemas sociais e de bom governo corporativo. A sigla ESG, que significa Environment, Social, Governance (Ambiente, Social, Governance) há muito que é um sinónimo de megatendência. Mais e mais pessoas não querem somente consumir de forma sustentável, como também querem investir de forma sustentável. Isto despoletou uma dinâmica em 2019 que fez com que o ESG fosse um dos assuntos de mercado mais discutidos.

A indústria dos investimentos chegou a um ponto em que o investimento sustentável já não é visto como uma mera tendência, mas como uma parte fundamental da gestão dos fundos dos clientes. A variedade de oportunidades de investimento sustentáveis está a crescer rapidamente, especialmente devido à forma como os critérios ESG podem ser utilizados para melhorar o perfil de risco-retorno dos investimentos.

Retorno acima da média em investimentos sustentáveis

Os investimentos sustentáveis fizeram mais do que acompanhar as suas contrapartes tradicionais. Desde janeiro de 2018, por exemplo, o MSCI World SRI Index, que se baseia no amplamente utilizado MSCI World Index, ultrapassou em performance o seu “irmão convencional” em 4,7 pontos percentuais. Os investimentos sustentáveis também têm estado na linha da frente durante um longo período: o retorno anual do SRI Index desde setembro de 2007 é de 6,3%, 0,7 pontos percentuais mais elevado do que  MSCI World.

Os investidores devem, contudo, examinar de perto os seus investimento e monitoriza-los continuamente. No fim de contas, o boom do ESG também atrai “parasitas” que recolhem capital para aparentes veículos de investimento sustentável. Só porque uma empresa ou um estado emite uma green bond tal não significa que seja da mesma alta qualidade ESG. Por vezes os fundos detêm ações de empresa apenas fingem ser sustentáveis. Os especialistas chamam a este fenómeno greenwashing. De forma a evitar o greenwashing os critérios ESG devem ser repartidos nas suas várias partes constituintes. Vários produtos de investimento concentram-se demasiado na governance, leia-se bom governo corporativo, pois esta é a contribuição mais óbvia para o sucesso económico. Por sua vez, aspetos sociais ou problemas ambientais são recorrentemente apenas mencionados sem contraparte prática. Seria melhor separar os três componentes ESG e documentar o processo separadamente. Isto poderia ajudar a distinguir os vários elementos dos drivers ESG de outras características fundamentais de risco/retorno. Além do mais, dado que determinadas variáveis ESG têm diferentes impactos na performance, é importante aferir quão importante estes são para o desempenho e retorno do negócio no futuro.

Abordagem interdisciplinar necessita-se

Se a análise ESG não for levada a cabo por uma equipa separada, mas por toda a equipa de research, pode-se garantir que os fatores ESG são sistematicamente tidos em conta, a todo o momento, e que os riscos serão identificados com antecedência. Além disso, uma relação próxima entre a equipa de Investimento Responsável e os gestores de fundo, que são também responsáveis pela análise de títulos, permite a incorporação no processo de investimento de informação chave de cariz não financeiro. Tendo em conta a grande quantidade de dados ESG disponíveis, uma abordagem interdisciplinar parece ser apropriada.