Perspectivas para 2019: a sustentabilidade será o elemento-chave do investimento

Jessica Ground_Schroders
Cedida

Artigo de opinião da autoria de Jessica Ground, Global Head of Stewardship – ESG da Schroders. Comentário patrocinado pela Schroders. 

As mudanças ambientais e sociais estão a acelerar. Durante os próximos anos, vamos assistir a um aumento das perdas físicas provocadas por fenómenos meteorológicos, a um aumento dos impostos de forma a lutar contra a desigualdade intergeracional e a um endurecimento das condições para as empresas com um endividamento excessivo. As empresas que não operem de forma sustentável terão cada vez maior dificuldade em passar despercebidas. Neste contexto, as previsões e análises focadas nos critérios ESG são agora mais importantes do que nunca para os investidores e estas são as nossas perspetivas para cada um destes critérios para o próximo ano.

Meio ambiente: o risco físico das alterações climáticas

Grande parte das análises sobre este tema focam-se em riscos longínquos e expõem as medidas que se devem adotar antes do ano de 2030, mas, na nossa opinião, isto é demasiado tempo para os mercados. Contudo, existe um aspeto das alterações climáticas que tem consequências no presente: à medida que as temperaturas aumentam, espera-se o mesmo movimento nas perdas físicas derivadas de fenómenos meteorológicos extremos.

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Na Schroders criámos uma estrutura para avaliar o risco físico das alterações climáticas, e aplicámo-lo a mais de 10.000 empresas à escala global. Esta calcula o valor que as empresas deverão pagar em seguros para proteger os seus ativos físicos perante os severos fenómenos meteorológicos.

Os sectores do petróleo e gás, recursos públicos e recursos básicos são os mais expostos aos efeitos físicos das alterações climáticas. O custo possível de segurar os seus ativos físicos representa mais de 3% do seu valor de mercado. Enquanto que os menos expostos são o tecnológico, o de artigos pessoais e de uso doméstico e o da saúde.

Existem cada vez mais provas de que as alterações climáticas estão a intensificar os sistemas meteorológicos naturais e de que, no futuro, provavelmente registaremos condições atmosféricas adversas com maior frequência. Tudo isto poderá ter consequências importantes para o investimento.

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Social: o sector privado deverá assumir boa parte da responsabilidade de dar resposta aos desafios das gerações mais jovens

Sendo, para muitos, o aspeto social o critério ESG que é mais difícil de analisar, é precisamente nesta área onde mais êxitos temos alcançado, já que previmos o crescimento dos salários mínimos em 2014, a imposição de impostos sobre os produtos açucarados em 2015 e os efeitos que o auge do protecionismo teria sobre as cadeias de oferta globais em 2016.

Olhando para o futuro, na nossa opinião, a desigualdade intergeracional é o grande desafio. As populações do mundo desenvolvido estão a envelhecer, o que está a começar a sair caro, já que os custos relacionados com esta evolução, como os de saúde e pensões, estão a aumentar de forma quase exponencial. Assim, tendo em conta o estado das finanças de muitos governos, caberá esperar que as empresas devam realizar a maior parte dos esforços neste sentido, o que, provavelmente, se traduzirá em maiores contribuições para o regime de pensões, mais medidas de apoio em matéria de habitação destinadas aos trabalhadores mais jovens e maiores exigências em matéria de formação. Acreditamos que as empresas e os consumidores se vão deparar com um aumento dos impostos em múltiplas áreas.

Corporate governance: a dívida poderá voltar para nos atormentar

Este ano ficámos surpreendidos pelo facto da cotação das empresas com níveis de endividamento relativamente superiores não ter sido penalizada.

O atual ciclo económico e creditício mantêm-se desde há bastante tempo. Isto implica que só um número muito reduzido das atuais direções e membros dos conselhos de administração se recorda quão difícil pode ser possuir um nível elevado de endividamento quando o contexto operativo ou de taxas de juro se altera. Certo é que nunca antes se registou tanta dívida com vencimento a longo prazo, mas, para muitas empresas, uma ligeira subida das taxas ou uma queda subtil das suas operações poderão complicar consideravelmente a sua situação.

Na Schroders acreditamos que as alterações sociais e ambientais, que ocorrem rapidamente e a larga escala, levarão a que as empresas de todo o tipo se vejam submetidas a pressões cada vez maiores em diferentes planos, quer seja no ambiental, social ou de corporate governance. Face a isto, em 2019, as previsões e análises focadas em critérios ESG serão o elemento-chave para os investidores de todo o mundo.

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