Ariel Bezalel e Harry Richards analisam as perspetivas para o crescimento mundial e o que poderá significar para os mercados de fixed income. Comentário patrocinado pela Jupiter AM.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
TRIBUNA de Ariel Bezalel, head of Strategy - Fixed Income e Harry Richards, investment manager, na Jupiter AM. Comentário patrocinado pela Jupiter AM.
Com a entrada em 2025, pairam no ar muitas questões sobre o estado da economia dos EUA, uma vez que tem sido um dos principais motores do crescimento económico mundial ao longo dos últimos dois anos.
Algumas dessas questões são: A Reserva Federal dos EUA, que já iniciou o seu ciclo de descida das taxas de juro, conseguirá concretizar um soft landing ou os impulsos recessivos ainda estão intactos? A resiliência da economia dos EUA oculta problemas subjacentes? Como é que as mudanças políticas nos principais países afetarão as respectivas políticas? E qual será o papel da geopolítica nos preços das matérias-primas e na inflação?
É verdade que os decisores políticos conseguiram pôr um travão na inflação que atingiu um pico em meados de 2022. Neste momento, a inflação aproxima-se cada vez mais da meta de 2% da Reserva Federal. Contudo, a taxa de desemprego tem vindo a subir durante o último ano. Na realidade, a deterioração do mercado de trabalho foi um dos fatores que levou a Reserva Federal a iniciar o ciclo de descida das taxas com um corte de 50 pontos base, em setembro de 2024.
O nível absoluto da taxa de desemprego ainda é baixo de acordo com os padrões históricos, mas a velocidade do aumento do desemprego é preocupante, se levarmos à letra a famosa regra de Sahm. O indicador de recessão de Sahm sinaliza o início de uma recessão quando a média móvel a três meses da taxa de desemprego nacional sobe 0,50 pontos percentuais ou mais em relação ao mínimo das médias a três meses dos 12 meses anteriores.
Muitos agentes de mercado afirmam que parte do crescimento da taxa de desemprego resultou da expansão da força de trabalho para a qual a imigração também contribuiu. Acreditam que o aumento do número de desempregados não deve representar um problema desde que o ritmo de contratação se mantenha pujante. Porém, ao olharmos mais de perto para as tendências recentes em termos de contratação de trabalhadores, a criação de emprego subsiste modesta, se excluirmos da equação os empregos na função pública, no setor da saúde e no setor do ensino privado (que são de facto setores não cíclicos).
Emprego privado, excluindo os setores do ensino e da saúde
Contribuição para o crescimento total do emprego nos EUA nos últimos 12 meses
Crescimento a seis meses
É justo dizer que, por enquanto, os despedimentos permanecem bastante contidos, mas assim que começarem a registar um aumento mais significativo, poderá ser demasiado tarde para conseguir o soft landing raramente visto. Importa também assinalar que nos episódios anteriores de soft landing, como em meados dos anos 90, o emprego cíclico apresentava um crescimento robusto. A conjuntura atual parece ser diferente.
O ano de 2024 será uma repetição de 1995?
A criação de empregos cíclicos estagnou, o que não se verificou na altura.
Empregos por conta de outrem nos EUA vs. Emprego Cíclico – Histórico
Empregos por conta de outrem nos EUA vs. Emprego Cíclico – Tendência recente
Os consumidores dos EUA já estão em dificuldades, uma vez que as pressões dos preços após a pandemia da COVID-19 diminuíram a sua capacidade de efetuar gastos em bens não essenciais. Tal é especialmente válido para as pessoas de rendimentos baixos e médios, com os dados empíricos a sugerirem que os consumidores estão a tornar-se cada vez mais seletivos. As taxas de incumprimento dos cartões de crédito e do crédito automóvel continuam a aumentar.
Um pequeno subconjunto de grandes empresas representa a maior parte do crescimento dos lucros, impulsionado por uma pequena fração de consumidores abastados. Ao mesmo tempo, muitas PME lutam contra elevados custos de financiamento e menor rendibilidade. Esta discrepância parece invulgar e, no mínimo, insustentável no longo prazo.
Forte divergência na economia dos EUA
Pequenas empresas em dificuldades, ao passo que as grandes empresas prosperam.
Rendimento líquido das empresas dos EUA: PME vs. Grandes empresas*
NFIB US Small Business Optimism Index – Earnings Trend
De igual forma, também se verifica uma discrepância no consumo. Hoje em dia, a maior parte da despesa é feita por um subconjunto relativamente pequeno da população. Este padrão de consumo distorcido não antevê nada de bom para a procura e o crescimento económico.
População dos EUA vs. consumo pessoal por escalão de rendimento
Desde o fim da pandemia, a economia dos EUA tem registado um melhor desempenho do que os restantes mercados desenvolvidos. A procura na economia dos EUA foi impulsionada por alguns fatores importantes, a saber: forte despesa pública, poupança excedentária acumulada durante a pandemia e o efeito da riqueza criada pela escalada dos preços dos ativos, incluindo das ações. Contudo, essas poupanças já desapareceram. No que concerne a política orçamental, com as finanças dos EUA a estarem sob escrutínio, estamos em crer que a capacidade do governo emaumentar ainda mais os défices pode estar limitada.
É neste contexto que Donald Trump assumirá a presidência. Entre os principais motivos evocados para a sua vitória esmagadora está o forte impacto da crise do custo de vida dos últimos três anos nas famílias dos EUA. Os principais números mostram que a economia ainda apresenta robustez, mas o veredicto do cidadão médio dos EUA é diferente.
Situação precária
A lentidão do resto do mundo também não apoiao crescimento. A recuperação na Zona Euro praticamente já não existe, com os recentes dados do Índice dos Gestores de Compras (PMI) a apresentarem uma fragilidade renovada. A economia do Reino Unido surpreendeu pela positiva no primeiro semestre do ano, mas os dados mais recentes sinalizaram uma certa deterioração. A Austrália e a Nova Zelândia registam números do PIB muito fracos em termos históricos.
Relativamente à China, as recentes medidas de estímulo parecem inexpressivas e o mercado está dececionado porque esperava um forte apoio orçamental. Continuamos a observar problemas estruturais na economia chinesa.
Os desenvolvimentos políticos na Alemanha e em França, as duas principais economias da região, significam que a Europa poderá estar a entrar numa fase de paralisia no plano das políticas. No Reino Unido, houve uma mudança da reumo e os investidores terão de avaliar as implicações do orçamento governamental nas perspetivas de crescimento a longo prazo do país. Nos EUA, a reeleição de Trump voltou a trazer para primeiro plano o teor protecionista das declarações que proferiu durante a campanha. Pensamos que Trump utilizará as tarifas apenas como uma ferramenta de negociação para obter cedências dos parceiros comerciais a nível mundial.
O impacto da liderança de Trump na geopolítica é outro tema que será observado de perto. A eventual resolução da guerra entre a Ucrânia e a Rússia e do conflito no Médio Oriente poderá ter um efeito desinflacionista porque poderá contribuir para um alívio dos preços do petróleo e das matérias-primas. Da mesma forma, qualquer desregulamentação das restrições ambientais poderá aumentar a extração de petróleo nos EUA, o que poderá ajudar a diminuir os preços da energia.
Cortes mais profundos
A principal consequência de tudo isto é que, hoje em dia, as taxas nos EUA e noutros mercados desenvolvidos subsistem demasiado elevadas e é necessária uma maior flexibilização. Estamos em crer que o mercado de trabalho já está a apresentar fissuras e estamos a acompanhar de perto os dados (incluindo aqueles relativos aos subsídios de desemprego vigentes) procurando sinais de algum abrandamento acentuado no crescimento.
Desde o primeiro corte das taxas em setembro, o mercado mais alargado refreou consideravelmente as suas expectativas em relação a mais cortes no ciclo atual. A taxa terminal atualmente incorporada nos Fed Funds Futures está cerca de 70 pontos base acima do gráfico de longo prazo da Reserva Federal de 2,875%.
Neste contexto, importa recordar que a economia dos EUA sofreu um hard landing cerca de 80% das vezes ao longo dos últimos 120 anos, ao passo que em 20% das vezes conseguiu um “soft landing”.
Tendo em conta estes factos empíricos e as várias forças anteriormente descritas, continuamos a acreditar que os mercados poderão estar a subvalorizar as perspetivas de abrandamento económico, que poderão levar a Reserva Federal a realizar cortes muito mais acentuados do que os mercados esperam atualmente. Situando-se em cerca de 4,5% nos títulos a 10 anos do Tesouro dos EUA, pensamos que é justo dizer que, no mínimo, constitui uma atrativa cobertura do risco nas carteiras considerando o que se perspetiva no horizonte.
Para mais informações, visitar jupiteram.com.
Riscos específicos do fundo
Risco de derivados - a estratégia poderá utilizar derivados para gerar rendibilidade e/ou reduzir os custos e o risco geral da carteira. A utilização de derivados pode acarretar um maior nível de risco. Um pequeno movimento no preço de um investimento subjacente pode resultar num movimento desproporcionalmente grande no preço do investimento derivado.
Obrigações convertíveis contingentes - A estratégia pode investir em obrigações convertíveis contingentes. Estes instrumentos podem registar perdas materiais com base em determinados acontecimentos. Mais especificamente, estes acontecimentos podem resultar numa perda parcial ou total do valor ou os investimentos podem ser convertidos em ações, sendo que é provável que ambos os casos impliquem perdas significativas.
Obrigações com uma notação de crédito de subinvestimento - A estratégia pode investir uma parte significativa dos seus ativos em títulos com uma notação de crédito inferior a grau de investimento atribuída por uma agência de notação de crédito. Estes títulos acarretam um maior risco de perda de capital ou de incumprimento das obrigações de pagamento de rendimentos por comparação com as obrigações com notação de grau de investimento.
O valor das mentes activas - pensamento independente: Uma caraterística fundamental da abordagem de investimento da Jupiter é que evitamos a adoção de uma visão da casa, preferindo, em vez disso, permitir que os nossos gestores de fundos especializados formulem as suas próprias opiniões sobre a sua classe de activos. Consequentemente, deve ter em atenção que quaisquer opiniões expressas - incluindo sobre questões relacionadas com considerações ambientais, sociais e de governação - são as do(s) autor(es) e podem diferir das opiniões de outros profissionais de investimento da Jupiter.
Informações importantes: Este documento destina-se a profissionais de investimento e não se destina ao uso ou benefício de outras pessoas. Este documento destina-se apenas a fins informativos e não constitui um conselho de investimento. O investimento envolve riscos. O desempenho passado não constitui um guia para o futuro. Aconselhamo-lo a ter cuidado. Se tiver dúvidas sobre o conteúdo deste documento, deve obter aconselhamento profissional independente. É da responsabilidade de qualquer pessoa na posse deste documento informar-se e cumprir todas as leis e regulamentos aplicáveis das jurisdições relevantes. Os movimentos do mercado e da taxa de câmbio podem fazer com que o valor de um investimento caia ou suba, e pode receber menos do que investiu inicialmente. As opiniões expressas são as dos indivíduos mencionados no momento da redação, não são necessariamente as da Jupiter como um todo e podem estar sujeitas a alterações. Isto é particularmente verdade durante períodos de rápidas mudanças nas circunstâncias do mercado. São envidados todos os esforços para assegurar a exatidão das informações, mas não são dadas quaisquer garantias. Os exemplos de participações são apenas para fins ilustrativos e não constituem uma recomendação de compra ou venda. Emitido no Reino Unido pela Jupiter Asset Management Limited (JAM), com sede social em: The Zig Zag Building, 70 Victoria Street, Londres, SW1E 6SQ, é autorizada e regulada pela Financial Conduct Authority. Emitido na UE pela Jupiter Asset Management International S.A. (JAMI), com sede social em: 5, Rue Heienhaff, Senningerberg L-1736, Luxemburgo, que é autorizada e regulada pela Commission de Surveillance du Secteur Financier. Nenhuma parte deste documento pode ser reproduzida de forma alguma sem a autorização prévia da JAM/JAMI/JAM HK. Em Hong Kong, este documento é emitido pela Jupiter Asset Management (Hong Kong) Limited. Não pode ser aceite qualquer responsabilidade por qualquer perda consequente desta informação.