Porquê focar-se nas empresas familiares?

Obe Ejikeme - Mark Denham - Carmignac
Obe Ejikeme & Mark Denham. Créditos: Cedida (Carmignac)

TRIBUNA de Obe Ejikeme, gestor de fundos, analista, e Mark Denham, responsável da equipa de Ações Europeias, gestor de fundos da Carmignac. Comentário patrocinado pela Carmignac.

As empresas familiares demonstraram historicamente a sua capacidade para gerar crescimento e rentabilidade. A sua solidez financeira e o seu modelo económico permitem-lhes ser resistentes a longo prazo, mesmo em períodos de crise.

O que é uma empresa familiar? Uma empresa familiar é uma sociedade cuja propriedade pertence, no todo ou em parte, de forma direta ou indireta, a um fundador, a uma família ou aos seus descendentes, e para muitos é sinónimo de pequeno negócio com uma atividade essencialmente local. Contudo, a realidade pode ser muito diferente.

De facto, existem grandes grupos internacionais que são também empresas familiares: o líder mundial no setor da moda, Inditex (Zara, Massimo Dutti...), o fabricante italiano de automóveis desportivos Ferrari, o grupo automóvel alemão BMW, a empresa siderúrgica ArcelorMittal, o conglomerado sul-coreano Samsung ou mesmo o gigante retalhista americano Walmart. Estas empresas familiares empregam milhões de pessoas e desempenham um papel principal no crescimento económico, já que contribuem com uma percentagem até 70% do PIB mundial1.

Com efeito, quase quatro em cada cinco empresas em todo o mundo são empresas familiares2. Presentes em todo o mundo, ativas em todos os setores económicos e de diferentes dimensões, as empresas familiares caracterizam-se pela partilha de uma série de valores: espírito empreendedor, independência, inovação, visão a longo prazo e vocação de permanência. Além disso, oferecem vantagens reais aos investidores.

Segundo a nossa base de dados própria Family 500, o seu nível médio de endividamento é cerca de três vezes inferior à média das outras empresas cotadas do mundo. Pelo contrário, a sua rentabilidade é mais elevada; assim, por exemplo, têm uma taxa de rentabilidade financeira (rentabilidade dos capitais próprios ou, em inglês, return on equity – ROE), isto é, uma capacidade para rentabilizar o dinheiro investido pelos seus acionistas, que em 2019 se situou nos 14%, face aos 12% de uma empresa não familiar.

Outra vantagem é a sua estabilidade em períodos de crise. Por exemplo, durante as duas grandes crises recentes (2000 e 2007-2008), o nível de rentabilidade das empresas familiares foi claramente menos volátil do que o de outras empresas. Assim, o ROE das primeiras variou entre os 10,8% e os 13,2% entre 1997 e 2012, enquanto o dos grupos não familiares flutuou muito durante o mesmo período: 13,7% entre 1997 e 1999, 8% em 2000-2002, 14% entre 2003 e 2007, 4,6% entre 2008 e 2009, e 13,4% em 2010-2021.

A consequência é que as empresas familiares apresentam um comportamento em Bolsa melhor do que as restantes. O valor bolsista das empresas familiares mais do que quadruplicou nos últimos 18 anos, enquanto o das empresas não familiares triplicou durante o mesmo período.

Carmignac

Fonte: Carmignac, 5 de janeiro de 2022. As rentabilidades passadas não pressupõem rentabilidades futuras.

"Os órgãos de gestão destas empresas olham para o longo prazo e são mais avessos ao risco devido aos seus investimentos pessoais na empresa, tanto em tempo como em dinheiro — recorda Obe Ejikeme, gestor de fundos da Carmignac. Isto explica o porquê de estas empresas tenderem a ser mais resistentes em períodos de dificuldade".

Pelo contrário, o governo societário nas empresas familiares pode constituir um ponto fraco, especialmente quando se trata de estruturar esse governo societário ou de transferir a propriedade da empresa para a geração seguinte, como retrata com mestria a série americana Succession.

"O planeamento da sucessão é um dos elementos-chave em que nos focamos quando analisamos uma empresa familiar", explica Mark Denham, responsável da equipa de Ações Europeias da Carmignac. Este gestor de fundos enfatiza os valores comuns entre as empresas familiares em que pode investir e a Carmignac, propriedade exclusiva dos seus colaboradores e da família com o mesmo nome.

De facto, os investidores têm razão em interessar-se pelas empresas familiares, dada a sua capacidade de criar valor a longo prazo e participar no desenvolvimento da economia local e mundial, com a condição de aplicarem uma abordagem seletiva e realizarem uma análise pormenorizada.

"Ao investir em empresas familiares, é fundamental saber identificar as melhores e ser seletivo — sublinha Mark Denham —, como também o é a diversificação, não só do ponto de vista setorial, mas também regional e da geração que dirige a empresa: primeira, segunda, terceira, etc.".

1 Estudo da UBS, junho de 2019.
2 Global Entrepreneurship Monitor, 2019-2020 Family Entrepreneurship Report, Babson Park, Donna J. Kelley, William B. Gartner, Mathew Allen.


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