Reler e refletir: o benefício dos investidores e o da sociedade

Ana Claver, CFA
Ana Claver, CFA. Foto cedida (Robeco)

TRIBUNA de Ana Claver Gaviña, CFA, responsável de negócio para a Península Ibérica, América Latina e US Offshore, Robeco. Comentário patrocinado pela Robeco.

Relendo o relatório anual da Robeco, que relata toda a sua atividade, os seus próximos objetivos e como estes são integrados com os da sociedade, é fácil descobrir o seu propósito: “permitir que os investidores tenham ganhos, ao mesmo tempo que se procura o benefício da sociedade como um todo”.

Começa a leitura salientando que, hoje em dia, gerar riqueza combinando dados objetivos com o engenho humano é uma abordagem generalizada. Porém, a Robeco trabalhou sempre assim. Desde 1929, os nossos clientes recorreram à nossa empresa para aceder a estratégias inovadoras baseadas em evidências empíricas, pelo que começámos a desenvolver especificamente um profundo conhecimento e experiência em investimentos sustentáveis. 

Fomos a primeira gestora ativa a levar a sério o investimento em sustentabilidade, e uma das primeiras a adotar o investimento quantitativo usando técnicas avançadas de research. Para isso é preciso de um espírito pioneiro, mas também de uma boa dose de precaução.

Para a Robeco é óbvio abordar o investimento pelo prisma da sustentabilidade.  Temos uma visão clara a longo prazo; é a proteção dos ativos económicos, ambientais e sociais para permitir uma economia saudável que gera retornos atrativos no futuro, centrando o nosso trabalho na criação de riqueza e bem-estar. Desta forma, permitimo-nos cumprir a nossa missão principal, que é permitir aos nossos clientes alcançar os seus objetivos financeiros e sustentáveis com retornos e soluções superiores.

É claro que há abordagens diferentes quando se trata de abordar a sustentabilidade na gestão de carteiras. Para a Robeco, a abordagem de exclusão, que evita investir em ativos controversos, a mais simples e mais difundida, é hoje insuficiente e é superada com a abordagem de integrar parâmetros ESG em decisões de investimento, algo que a Robeco emprega em todos os seus investimentos. Aqui procuramos o círculo virtuoso onde se retroalimentam a propriedade ativa e uma análise exigente com a integração destes critérios. Mas hoje, a sociedade espera ainda mais dos investimentos sustentáveis, e está realmente a ver o impacto do seu investimento. A Robeco identifica as empresas que apresentam uma melhoria social e ambiental, tanto nos seus produtos como nas suas próprias operações, comunicando uma medida clara desse impacto alcançado aos seus investidores.

Para estabelecer uma perspetiva clara do futuro, há que considerar a sustentabilidade, um motor de mudança estrutural nos países, empresas e mercados, onde as empresas que cumprem práticas sustentáveis gozam de maior sucesso. Na Robeco sabemos há décadas que este é um elemento de valor decisivo, o que nos ajuda a aproveitar novas oportunidades de crescimento e a antecipar problemas que nos permitem mitigar o risco de desvantagem.

O aumento global das temperaturas, os seus efeitos e a elevada perda de biodiversidade, a distribuição desigual da riqueza e do bem-estar, e a falta de boa governance nas empresas e nos países, fazem-nos pensar que chegámos a um ponto em que o custo da inação excede o investimento necessário para ter um impacto positivo. Como investidores, o nosso papel é garantir que os nossos ativos trabalhem no sentido de uma recuperação sustentável. Isto significa não só investir em empresas que contribuem positivamente para o nosso futuro, mas também falar com empresas para as ajudar na melhoria contínua do seu comportamento ESG.

Por isso, saber investir na sustentabilidade não é fácil.  Uma gestora não se torna um investidor sustentável porque apenas exclui certas atividades do seu universo de investimento. Estamos no século XXI e temos de exigir que uma gestora se comprometa ainda mais, considerando como primeiro nível a integração da sustentabilidade na sua decisão de selecionar as empresas em carteira. Isto significa que, por exemplo, empresas como a Robeco superam em pelo menos 20% a referência do mercado com as suas carteiras em termos de redução da pegada ambiental, de gases com efeito de estufa, uso de água e consumo de energia.

Mas não é só este passo que faz com que uma gestora seja sustentável. Uma gestora sustentável deve exercer, ao abrigo de determinadas políticas, o direito de voto dos acionistas que representa, bem como a interação ou engagement, de uma linha construtiva, sem exigências, mas firmemente. Deve também falar os responsáveis por estas empresas para que observem a sustentabilidade tanto na sua gestão como no seu funcionamento.

Em suma: todos fomos surpreendidos com esta última crise global, mas temos de olhar para a frente e perceber que, neste momento, a recuperação oferece ao mundo uma oportunidade única de crescimento do lado da sustentabilidade. E isto serve a todos, sem dúvida.