Revisão em baixa do crescimento económico para 2022 e 2023

Carlos Bastardo ISEG Imofundos_noticia
Carlos Bastardo. Créditos: Vítor Duarte

TRIBUNA de Carlos Bastardo.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou no final de julho as novas estimativas de crescimento para 2022 e 2023.

Foram ambas revistas em baixa no que respeita ao crescimento mundial face às anteriores estimativas de abril. Assim, para o ano corrente, a estimativa baixou 0,4% para os 3,2% e para o próximo ano, a estimativa baixou 0,7% para 2,9%.

Por blocos económicos, a maior revisão em baixa foi para a economia americana. Em julho, o FMI previu para 2022 e 2023 um crescimento do PIB dos EUA de 2,3% e 1,0% respetivamente, ou seja, menos 1,4% e menos 1,3% que em abril.

Para a zona euro, o PIB foi também revisto em baixa face às estimativas de abril em 0,2% este ano e em 1,1% em 2023. O PIB da zona euro deverá crescer 2,6% em 2022 e 1,2% em 2023.

Relativamente às economias dos mercados emergentes e em desenvolvimento, será o bloco que irá crescer mais em 2022 e 2023, 3,6% e 3,9% respetivamente (0,2% e 0,5% revistos em baixa).

A China deverá crescer este ano 3,3% (-1,1% que a estimativa em abril) e 4,6% em 2023 (revisão em baixa de 0,5%).

A Rússia, país agressor e causador da situação que o mundo vive atualmente, deverá ver o seu PIB cair 6% este ano e 3,5% em 2023. Para este ano, a estimativa do FMI melhorou em julho 2,5% em 2022 e piorou 1,2% em 2023.

Relativamente à inflação, o FMI projeta para 2022 um valor de 8,3% para o mundo (6,6% para as economias avançadas e 9,5% para as economias emergentes e em desenvolvimento) e de 5,7% para 2023 (3,3% para as economias emergentes e 7,3% para as economias emergentes e em desenvolvimento).

Portanto, o cenário não é famoso especialmente para 2023 ao nível do crescimento económico (1% para os EUA e 1,2% para a zona Euro) e da inflação.

É caso para pensarmos como vai ser a atuação dos bancos centrais daqui para a frente que relaxaram demasiado tempo antes de começar a subir as taxas de juro? Será que vão continuar a ser determinados a combater a elevada inflação ou vão ter em conta a evolução económica nos próximos meses, caso esta fique pior dos que as projeções atuais?

O ciclo de subida dos juros nos EUA está mais adiantado, pelo que é provável que a Reserva Federal Americana (Fed) possa ainda subir as taxas de juro, mas de forma mais lenta e monitorizando de perto a evolução do PIB.

Quanto ao Banco Central Europeu (BCE), o ciclo de subida dos juros está no início e a Euribor já incorpora expetativas de mais subidas. Contudo, mantenho o que já referi anteriormente, ou seja, não prevejo neste momento que a taxa de juro de referência do BCE possa ir acima de 1,5% a 2%. A zona euro vai passar por um período complicado como vai ser o próximo inverno, ao nível da crise energética que vivemos e que poderá ter um forte impacto negativo na economia.

Apesar de o FMI prever para 2022 e 2023 um crescimento do PIB na zona euro superior aos EUA, todos nós sabemos que a economia da zona euro é mais vulnerável à situação de risco geopolítico atual com todas as suas consequências negativas.

Os próximos meses não vão ser fáceis em termos económicos e em termos dos mercados financeiros.