Ricardo Duarte Silva, selecionador de fundos na CA Gest, partilha as suas perspetivas para 2025, um ano para o qual tem expetativas elevadas para os EUA.
COLABORAÇÃO de Ricardo Duarte Silva, selecionador de fundos da Crédito Agrícola Gest.
Nos EUA, iniciamos o novo ano com expectativas elevadas (consumidor resiliente, empresas impulsionadas pelo otimismo em torno do tema da inteligência artificial, cortes de juros esperados na frente monetária). Da mesma forma, a nova administração Trump promete uma fiscalidade mais favorável, uma desregulação do setor financeiro e uma proteção adicional ao exterior (via imposição de novas tarifas).
Na Europa, de forma inversa, sente-se algum pessimismo quanto à quase-estagnação do bloco europeu mesmo com o mercado confortável com a projeção de cerca de seis cortes adicionais de juros do BCE até final de 2025. As crises políticas recentes na Alemanha e em França ajudaram ainda a reforçar o sentimento negativo. Uma eventual recuperação da economia chinesa, mesmo num quadro complexo de relações comerciais com o exterior, poderia ser, nesse sentido, favorável à Europa.
Na China, o Politburo tem dado sinais inequívocos de que o governo chinês procurará reanimar o consumo doméstico e estabilizar o sentimento dos agentes económicos, sentimento este muito fragilizado pela crise do mercado imobiliário local.
Finalmente no Japão, onde permanecem dúvidas quanto à reflação recente da economia, a normalização de política monetária do Banco do Japão (subida de juros) continuará a centrar a atenção dos investidores.
Classes de ativos
Dentro das ações, a Europa poderá fazer algum catch up aos EUA. Primeiro, atendendo à underperformance recente e ao excessivo pessimismo com que arrancamos o novo ano e, em segundo lugar, pelas valorizações atrativas/pouco exigentes a que alguns setores transacionam.
Riscos
O excesso de otimismo com que encerramos o ano e a existência de uma crença generalizada num soft landing ou mesmo num no landing da economia norte-americano coloca o risco de mercado no centro das atenções.
Fundos
Sem identificar um fundo de investimento especificamente, continuamos a privilegiar a diversificação e por essa feita sugeriríamos sempre um fundo de investimento de alocação, possivelmente com perfil mais defensivo.
Temas de investimento
Continuamos atentos ao tema da inteligência artificial generativa e ao fenómeno da excessiva concentração presenciada no mercado acionista norte-americano. Atendendo aos ganhos registados em 2024 pelas mega caps tecnológicas, talvez o segmento de small e mid caps permaneça atrativo em termos relativos. É também uma forma de diversificação dessa excessiva concentração.