Triplo alfa ao investir em água

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Créditos: Cedida (Allianz GI)

TRIBUNA de Andreas Fruschki, CFA, diretor global de Ações Temáticas e gestor de fundo Allianz Global Water, Allianz Global Investors. Comentário patrocinado pela Allianz GI.

A escassez de água afeta mais de 40% da população mundial. Para garantir o acesso a um abastecimento de qualidade e um tratamento eficaz de águas residuais, é necessário investir em infraestruturas hidráulicas.

A água é uma matéria-prima cada vez mais escassa e valiosa. Os países industrializados enfrentam problemas relacionados com o envelhecimento da infraestrutura e o uso ineficiente da água. Em muitos países em desenvolvimento, a má qualidade da água continua a ser uma das principais causas de mortalidade infantil. A ONU abordou esta situação nos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com o objetivo número 6 - Água limpa e saneamento.

Em 2008, lançámos nos Estados Unidos a estratégia Allianz Global Water, que chegou à Europa em forma de fundo em 2018 e que conta com mais de 700 milhões de euros em ativos. Procuramos empresas que ofereçam soluções para os desafios mais urgentes relacionados com a água. O objetivo é que os investimentos gerem um triplo alfa: benefícios financeiros, ambientais e sociais.

O fundo investe em empresas cujos produtos e serviços melhoram o abastecimento, a qualidade ou a eficiência da água, ajudando a promover a sustentabilidade dos recursos hídricos mundiais. E fá-lo com um universo de investimento alinhado com quatro dos ODS e com as suas metas subjacentes.

Com o início da recuperação após o pior da pandemia, reduzimos a exposição a setores defensivos e aumentámos o peso dos valores de qualidade em setores cíclicos que podem beneficiar da reabertura da economia, e de empresas vinculadas aos pacotes de estímulo para o desenvolvimento de infraestruturas hidráulicas.

Oportunidades de investimento: o caso norte-americano

Os sistemas públicos de água potável, águas residuais e pluviais dos EUA são uma reminiscência de um velho manto de retalhos de tubagens e condutas de diferentes séculos e com vários graus de funcionalidade. Muitos tubos têm quase 100 anos e estão a operar com uma capacidade superior para a qual foram desenhados originalmente; ultrapassaram a sua vida útil e perdem enormes quantidades de água.

Alguns exemplos ilustram as más condições da infraestrutura hídrica dos EUA. De acordo com um relatório de 2021 da ASCE, a associação de engenheiros civis do país, são perdidos por dia cerca de 22,7 milhões de m³ de água tratada devido a ruturas nas tubagens, o que representa uma perda anual de cerca de 8 biliões de m³.

Existem mais de 2.300 barragens estaduais de alto risco em condições precárias ou insatisfatórias. Nos próximos quatro anos, quase três quartos das barragens terão mais de 50 anos e vão deteriorar-se gradualmente. E 15% dos planos de tratamento de águas residuais atingiram ou excederam a capacidade para a qual foram projetados. Não há dúvida de que a Lei de Infraestrutura de Água Potável e Saneamento de 2021 reflete uma primeira etapa crítica para fechar a lacuna de financiamento existente. A participação do setor privado vai ser crucial para ajudar a cobrir o resto das necessidades.