Uma ponte entre dois ciclos

Jeremy Anagnos Nordea
Jeremy Anagnos. Nordea AM.

TRIBUNA de Jeremy Anagnos, CFA, CIO da CBRE ClarionSecurities LLC. Comentário patrocinado pela Nordea AM.

Historicamente, os ativos cotados de infraestruturas têm oferecido aos investidores rentabilidades estáveis, independentemente do ciclo económico1. Isso faz com que esta classe de ativos seja interessante para o final do ciclo.

As perspetivas para os mercados mundiais parecem ser cada vez mais imprevisíveis. Este ciclo económico tem sido longo em termos históricos, e os investidores tiveram que fazer face a uma mudança de Governo nos EUA, a turbulências comerciais relativas ao brexit, a crescentes riscos geopolíticos em numerosas partes do mundo, e isto já para não falar da pandemia do coronavírus. Um âmbito que se está a tornar cada vez mais importante pela sua certeza e previsibilidade é o segmento de empresas cotadas de infraestruturas à escala mundial.

Destino de investimento para o final do ciclo

O segmento de empresas cotadas de infraestruturas – que se compõe de quatro setores principais: comunicação, distribuição de energia, fornecimentos públicos e transportes – apresenta caraterísticas extremamente interessantes desde há anos. Os ativos cotados de infraestruturas costumam dispor de elevadas barreiras à entrada, uma procura estável, fluxos de receitas definidos e um crescimento previsível. Para além disso, estão protegidos face à inflação. Assim, historicamente, este segmento tem brindado com rentabilidades similares às das ações, mas com uma volatilidade inferior e uma proteção interessante face a quedas nos mercados bolsistas no geral. Nas últimas décadas, as empresas cotadas de infraestruturas à escala mundial refletiram apenas 67% da descida do mercado bolsista mundial e capturaram mais de 80% dos movimentos de subida de longo prazo. Em 2019, quando o mercado mostrava níveis muito sólidos, este segmento conseguiu rentabilidades de 25%, resultados que estão apenas ligeiramente abaixo dos 28% dos mercados bolsistas mundiais no seu conjunto.

“Esta combinação de crescimento previsível, fluxos de dinheiro fiáveis e proteção face a quedas, faz das empresas cotadas de infraestruturas um destino atrativo para a fase final do ciclo”, comenta Jeremy Anagnos, diretor de investimentos em empresas cotadas de infraestruturas na CBRE Clarion Securities LLC e gestor principal da Estratégia Global Listed Infraestruture da Nordea.

Previsão de sólidas taxas de crescimento

O potencial de crescimento orgânico sustentado da classe de ativos cimenta-se sobre a contínua necessidade das empresas de investirem nos seus ativos de infraestruturas existentes. Este investimento não está correlacionado com as perspetivas macroeconómicas gerais, dado que as empresas investem pela segurança, fiabilidade e eficiência. “Os ativos de infraestruturas são menos sensíveis às forças macroeconómicas e económicas, dado que proporcionam serviços essenciais  à sociedade”, prossegue Anagnos.

A aceleração dos requisitos em matéria de dados impulsionará em maior medida o crescimento, dado que levará à ampliação das infraestruturas de comunicação e o aumento da procura de novas infraestruturas de energia renovável.

“Estimamos que as empresas cotadas de infraestruturas à escala mundial necessitarão de gastar 200.000 milhões de dólares norte-americanos no ano, na atualização, substituição e ampliação dos seus ativos existentes. Com a base de ativos atual, isso resulta numa taxa de crescimento anual de aproximadamente 3%”, explica Anagnos. “Este investimento efetua-se em virtude de um marco normativo que brinda as empresas com um elevado nível de certeza sobre a taxa de rentabilidade e, portanto, sobre os fluxos de liquidez”.

Uma corrida para reduzir as emissões de carbono

A pressão política para a descarbonização está a intensificar-se na maioria dos países industrializados, o que representa um importante fator favorável para o investimento em infraestruturas. “O cumprimento dos objetivos de descarbonização pode ver-se impulsionado pelo encerramento das centrais de carbono e substituição da sua produção pela geração de energia renovável e derivada do gás natural. As empresas cotadas de infraestruturas à escala mundial estão a efetuar investimentos significativos para materializar esta mudança, e os seus lucros e dividendos são sustentados por esta atividade”, afirma Anagnos. As iniciativas políticas governamentais aprovadas recentemente na Europa (Pacto Verde Europeu) e as propostas por parte do presidente eleito nos EUA, Joe Biden, impulsionarão ainda mais o crescimento do investimento em infraestruturas de energia sustentável, incluídos os ativos de geração de energia renovável, de transmissão e de armazenamento de baterias; uma posição chave da estratégia que constitui um claro exemplo desta oportunidade é a Enel.

Para além do seu negócio de fornecimento básico em Itália, a Enel é um dos principais produtores de ativos de geração de energia renovável em todo o mundo para outras empresas de fornecimento público e clientes corporativos. Esta atividade não regulada complementa o estável negócio de fornecimento público e gera maiores níveis de rentabilidade e crescimento. “A carteira de geração de energia renovável da Enel, de 102 GW, é equivalente a 546 centrais de carbono, que constituem o número de centrais de carbono fechadas nos EUA entre 2010 e o primeiro trimestre de 2019”, assinala Anagnos.

As taxas de juro em níveis reduzidos  sustentam a classe de ativos

A pandemia de COVID-19 tem dado lugar a níveis sem precedentes  de apoio monetário e orçamental e, com a atual pressão económica prevemos que as taxas de juro se manterão em níveis reduzidos durante um período prolongado. As taxas de juro quase nulas poderão inclusive beneficiar os ativos de infraestruturas que operam com uma alavancagem de 35%-40%, pelo que o custo da dívida é importante para as suas rentabilidades financeiras”, afirma Anagnos. “O refinanciamento da dívida que chega a vencimento por parte das empresas num contexto de taxas de juro mais reduzidas apoia os lucros futuros. Portanto, esperamos que o reduzido custo do financiamento impulsione as valuations dos ativos e dê lugar a maiores margens de utilidade (ou seja, múltiplos mais elevados) nos ativos”.

Os títulos de empresas cotadas de infraestruturas têm negociado num intervalo de múltiplos de valuations estreitas durante cinco anos, apesar do nível inferior das taxas de juro. “Na nossa opinião, o contexto de múltiplos mais elevados deverá acontecer especialmente tendo em conta que os ativos em mercado cotada negoceiam 20% abaixo do refletido por múltiplos de mercado privado”, explica Anagnos. “Acreditamos que os investidores de longo prazo se verão recompensados por investir agora em ativos cotados de infraestruturas. As temáticas duradouras que impulsionam o crescimento a longo prazo dos ativos continuam vigentes”, conclui Anagnos.

1 O retorno apresentado é histórico. Os retornos obtidos no passado não constituem uma referência fiável dos retornos futuros e pode acontecer que os investidores não recuperem a quantidade total investida. O valor do seu investimento pode aumentar ou diminuir, e poderá perder a totalidade ou uma parte do capital investido. Fonte: Nordea Investment Funds S.A. Periodo abarcado: 5.3.2019-30.9.2020

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