Ventos favoráveis para as estratégias de fusões e aquisições

nuria ortega
Foto cedida

(TRIBUNA de Nuria Ortega, responsável da Société Générale pela Lyxor gestão ativa em Portugal e Espanha.)

A atividade de fusões e aquisições durante 2019 foi positiva de um ponto de vista do volume total de transações em dólares, apesar de se ter centrado em operações corporativas domésticas com um spread moderado.

A grande pergunta nesta altura do ano é: o que podemos esperar para 2020? Na Lyxor AM acreditamos que as condições em 2020 são as mais favoráveis devido a vários fatores. Para começar as tensões geopolíticas melhoraram. Os Estados Unidos e a China estão já na Fase 1 do acordo, enquanto o Brexit finalmente iniciou um caminho claro em direção a um divórcio ordenado, mitigando assim dois focos de incerteza. De um ponto de vista de financiamento, as taxas de juro continuam a ser muito baixas e os bancos têm apetite pela atividade das fusões e aquisições baseada em comissões e não tanto em consumo de capital. A tudo isto une-se a recuperação da confiança dos executivos.

Este novo contexto, portanto, pode ser positivo para reativar as transações mais interessantes de um ponto de vista de spreads, as que se viram muito pouco durante 2019 como as operações transfronteiriças ou transações hostis. Além disso, com mais de um bilião de dólares em dinheiro para investir e o aumento da atividade porta de fundos de private equity e ativistas, faz sentido que se retome o apetite pelas transações mais alavancadas e até um aumento das guerras de preços. Se passarmos à análise sectorial, não descartaríamos, ondas de operações em sectores-chave. No sector tecnológico, por exemplo, com operações relacionadas com cibersegurança e o Big Data. O sector financeiro, por sua vez, deve continuar o seu processo de consolidação adquirir experiência em tecnologia, enquanto no sector da saúde esperamos integrações verticais.

As estratégias de arbitragem de fusões e aquisições oferece um grande valor nas carteiras dos investidores, graças à sua demonstrada descorrelação histórica com ações e obrigações, mas, além disso esperamos que a geração de alfa será favorável em 2020, o que nos leva a sobreponderar na nossa carteira modelo.