Flavio Carpenzano explica que as obrigações encontram-se agora numa espécie de ponto ideal e que se tornaram uma proposta atrativa. Comentário patrocinado pela Capital Group.
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TRIBUNA de Flavio Carpenzano, diretor de Investimentos na Capital Group. Comentário patrocinado pela Capital Group.
As obrigações encontram-se agora numa espécie de ponto ideal, pelo que a classe de ativos se tornou uma proposta muito mais atrativa para os investidores. Ou as taxas diretoras se mantêm elevadas, ou começam a descer, à medida que os bancos centrais se vão ajustando. Ambos os cenários têm historicamente conduzido a resultados favoráveis para as obrigações. No curto prazo, existe a possibilidade de novos períodos de volatilidade, o que significa que uma abordagem cautelosa é necessária. No entanto, manter elevados níveis de liquidez pode ser, atualmente, dispendioso, uma vez que os mercados tendem a mover-se antes de qualquer anúncio de política. Em vez disso, pensamos que é importante que o investidor permaneça flexível e utilize a seleção de títulos para identificar oportunidades em todo o espetro das obrigações onde o valor tem sido criado. Na nossa opinião, a diversificação e a alocação flexível nos principais setores de rendimento fixo pode ajudar os investidores a construir portefólios mais resilientes, com potencial para rendimentos e retornos atrativos a longo prazo.
Os mercados de obrigações proporcionam agora uma oportunidade de investimento atrativa, oferecendo potenciais retornos fortes a longo prazo. Ao longo de um horizonte de investimento de cinco anos, acreditamos que os retornos na ordem dos 5%-10% são agora uma expetativa razoável, dependendo do risco da classe de ativos. A curto prazo, apesar da incerteza continuar elevada, os mercados de fixed income e, em particular, as obrigações de elevada qualidade, têm potencial para apresentar bons resultados, dada a provável posição na política monetária e no ciclo económico. Se os bancos centrais fizerem uma pausa nas taxas, então os investidores em obrigações irão continuar a obter os elevados níveis de carry que os mercados oferecem atualmente. Se, por outro lado, os bancos centrais, se reorientarem e começarem a reduzir taxas, os mercados de obrigações irão beneficiar tanto do elevado nível de carry, como da valorização dos preços resultante das descidas das taxas de juro. Mesmo num cenário de recessão, as obrigações dos mercados desenvolvidos podem proporcionar resultados positivos.
Obrigações de elevada qualidade podem oferecer valor em vez de dinheiro
O dinheiro foi uma escolha de investimento popular em 2022, uma vez que ajudou a proteger os portefólios do aumento das taxas de juro. À medida que as taxas aumentaram, o custo da oportunidade de manter dinheiro diminuiu. No entanto, à medida que a Fed alterava o seu percurso, alocações exageradas em dinheiro podem tornar-se um obstáculo para os resultados do portefólio, com os investidores a renunciar do benefício da nossa análise de ciclos anteriores, que mostra que o pico das yields das obrigações vem antes da última subida do ciclo. Consequentemente, o maior benefício para os preços das obrigações ocorre nos meses anteriores e imediatamente após a última subida. Ao trocarem o dinheiro pelas obrigações nesta fase inicial, os investidores têm conseguido manter yields mais elevadas durante mais tempo e beneficiar da tailwind da duração da descida das taxas.
As obrigações de qualidade core podem oferecer uma maior duração
À medida que os headwinds do acentuado aumento da inflação e das taxas de juro registado em 2022 diminuem, espera-se que a pressão nas taxas também diminua. Neste contexto, a yield inicial das obrigações de elevada qualidade, como as obrigações governamentais e corporativas investment grade, é, na nossa opinião, relativamente atrativa. Se, devido a uma recessão, a Fed alterar a sua posição, esperamos que o segmento de elevada qualidade do mercado de obrigações tenha uma performance positiva. Esta parte do mercado também deverá proporcionar diversificação relativamente ao mercado de ações, que provavelmente irá sofrer com um crescimento mais baixo e potenciais revisões dos lucros. O mercado de crédito pode oferecer oportunidades, mas devem ser diversificadas, equilibradas e flexíveis. As elevadas yields atualmente disponíveis em todo o mercado de crédito constituem uma oportunidade de investimento atrativa a longo prazo. No entanto, a curto prazo, os spreads continuam estreitos e podem não refletir totalmente o risco de recessão. Em vez disso, refletem um cenário em que os bancos centrais conseguem uma aterragem suave perfeita.
Desta forma, acreditamos que no curto prazo, é adequada uma abordagem mais cautelosa e vemos valor em setores defensivos não cíclicos, como os cuidados de saúde e farmacêuticas. Normalmente, essas empresas gerem muito cash-flow e são pouco sensíveis ao ciclo económico. Também encontramos oportunidades no setor bancário. Como acontece frequentemente, a incerteza no setor bancário levou a uma indiscriminada ação dos preços que não tem necessariamente refletido sempre os fundamentais subjacentes. O nosso foco centra-se nos escalões séniores dos grandes bancos sistémicos a nível mundial, que estão bem capitalizados. Nos EUA, por exemplo, os bancos dos centros financeiros continuam em boa forma. Têm beneficiado da fuga dos depósitos e, mesmo com as perdas dos mercados das suas participações de rendimento fixo, os seus balanços são sólidos. Em comparação com corporativas não financeiras investment grade, muitos destes bancos parecem-nos baratos.
O mercado titularizado oferece outras oportunidades, bem como benefícios de diversificação. Tal como o setor bancário, as obrigações titularizadas também foram afetadas pela indiscriminada ação dos preços. Fora do setor dos escritórios, os fundamentais para os imóveis residenciais multifamiliares, industriais, hotéis e partes do retalho estão em boa forma, mas as CMBS relacionadas como estes setores foram apanhados pela volatilidade do mercado. Estamos a encontrar oportunidades neste espaço nos veículos CMBS (obrigações compostas por vários empréstimos em vários imóveis) no nível AA e A. Acreditamos que estamos a ser bem compensados por investir nestes veículos, que, em alguns casos, proporcionam melhores spreads do que os disponíveis em corporativas high yield.