“You Can’t Always Get what you Want…”

Rolling Stones
HEART.BREAKER, Flickr, Creative Commons

Ninguém nos fazia pensar no início deste ano que, chegados ao seu final, iriamos sentir um sentimento vazio de “ Doom and Gloom”. O ano de 2018 termina sem nenhuma vontade de “Let`s Spend the Night Together”.

A forma abrupta como as diferentes classes de ativos se portaram em 2018, fizeram com que até os mentirosos se queixassem e que muitos suplicassem “Gimme Shelter”, encarando o novo ano com “No Expectations”.

De facto, ninguém acredita que o novo ano comece com uma “Ruby Tuesday”, nem tão pouco parece que haja alguém que tenha “The Lantern“ para iluminar o caminho, depois de tão disruptivo comportamento dos mercados financeiros neste final de ano. Mas, “As Tears Go By”, é altura de fazer uma reflexão sobre os três temas que devemos ter “Under My Thumb” para entender os próximos desafios dos mercados financeiros, em matéria da evolução económica, atividade dos Bancos Centrais e comportamento do poder político.

Do ponto vista macroeconómico, a economia está longe de se encontrar numa fase de “Jumpin` Jack Flash”, mas tão pouco parece ser razão para “Paint it Black”. A desaceleração económica global está longe de ser muito pronunciada, nem tão pouco as atuais condições financeiras obrigam a um “Emotional Rescue”.

Nos EUA, os riscos de recessão parecem estar ”Out of Time” tendo em conta a virtuosa combinação de um risco moderado de inflação com um mercado de trabalho saudável, com a economia a crescer cerca de 3,5% no último trimestre de 2018. Na Europa, apesar de algumas “Mixed Emotions”, o crescimento endógeno da economia vai continuar a ser “Respectable”, onde as condições creditícias e os riscos de inflação se encontram benignas, numa economia que ainda se encontra “2000 Light Years From Home”. Por outro lado a transformação que está ocorrer na indústria automóvel com a alteração da combustão dos “Wild Horses”, pode trazer algumas surpresas menos negativas para o crescimento nos próximos trimestres. 

Na Ásia, a China vive o seu eterno momento de “Time Is On My Side” e o país continua focado em implementar políticas fiscais e monetárias que acomodem e suavizem o abrandamento económico, enquanto a recente queda dos preços da energia, para muitos “She`s Rainbow”, poderá trazer benefícios importantes, tanto para a China como para outras economias da região.

No que diz respeito aos Bancos Centrais, apesar de às vezes parecerem ter um “Heart of Stone”, estes encontram-se coordenados e muito empenhados em garantir a longevidade do ciclo económico. É verdade que quando escutamos o atual presidente da FED sentimos saudades de “Lady Jane”(t) e que em 2019 vamos provavelmente dizer “Miss You” Mário… mas o nosso grande problema não são os Bancos Centrais, mas sim a classe política da qual “(I Can´t Get No ) Satisfaction!

Nos EUA, Donald Trump não quis deixar ninguém adormecer durante todo o ano, gritando em alto e bom som “Start me Up”. Volta e meia enfureceu-se e “rosnou” para os carros da “Angie”, que assumidamente tem medo de cães, mas foi com Xi Jinping que a relação se tornou mais complexa e contraditória. Enquanto se zangava com as práticas comerciais chinesas e os abusos de direito de propriedade intelectual, afirmando literalmente “Get Off of My Cloud”, de um momento para o outro, afirmava que só estava “ Waiting on a Friend”…

Por sua vez na Europa, o Reino Unido perdeu a capacidade de “Tumbling Dice” e vivem-se tempos de desacerto, em que a classe politica inglesa continua sentada à mesa a beber um chá com demasiado “Brown Sugar”. Em França, o “Street Fighting Man” é uma chamada de atenção que o combate à desigualdade tem de ser um tema prioritário global. Enquanto em Itália, já se percebeu que o tema do défice de 2,04% “ It`s Only Rock ´n´ Roll”… Por tudo isto, quando escutamos “Sympathy for the Devil”, temos a maior dificuldade em escolher um diabo e muito menos vontade de ficar enamorado por ele...

A sensação que fica neste final de ano é que os mercados foram um verdadeiro “Beast of Burden” não resistindo ao sistemático “Play With Fire” do poder político. Mas nem tudo foram politiquices. “Can't You Hear Me Knocking”, chamando a atenção às excessivas métricas financeiras do setor tecnológico americano em face de um ciclo maduro? Todavia, ninguém esperava que a sua correção provocasse um “Rock Off” global desta magnitude, tanto mais que há outros setores e outras regiões cujas métricas financeiras não estão estendidas.

Mas tentando colocar em contexto, sabendo que as condições económicas ainda estão longe de um “19th Nervous Breakdown” e que apesar de alguns dos temas políticos “No Fade Away” mas encontram-se melhor enquadrados que há uns meses atrás, pode ser que” algures” em 2019 nos mercados financeiros “Shine a Light”:

“May the good Lord shine a light on you

Warm like the evening sun…”

Shine a Light- Rolling Stones