Oportunidades em ações norte-americanas, em 2018

Tristan Camp legg Mason
Cedida

Os EUA passaram por diversas mudanças nos últimos dois anos. Quando no final de 2016 Barack Obama deixou de ser presidente dos EUA, os mercados estavam preparados para o que daí advinha. Tristan Camp, investment specialist da Legg Mason Global Asset Management, lembra que os mercados sabiam que teria de ser feita uma substituição do Obama Care ou que, por exemplo, teria de mudar o paradigma no investimento em infraestruturas do país. “De forma surpreendente, os mercados abraçaram esta agenda e sucedeu um forte rally no final de 2016 e início de 2017”, recorda. No decorrer do ano de 2017, os mercados “seguiram em frente”, muito embora estivessem também cientes de que “existia uma nova administração a querer lutar pela implementação do seu programa”.

Do lado corporativo, diversas novidades marcaram o ano que passou. Tristan Camp recorda o corte da taxa de imposto para as empresas de 35% para 21%, ou a implementação da taxa territorial para as mesmas (até agora as empresas eram taxadas pelos seus rendimentos numa base global). Importante, adicionou também, foi “a permissão para se fazer refletir a despesa total dos gastos de capital”, e ainda “a limitação, para a maioria das empresas, do nível da dedução dos seus custos financeiros”. As medidas atrás anunciadas representam, segundo o especialista, um boost para o crescimento do PIB em 2018 que poderá cifrar-se numa base de 20 a 50 pontos base. Sentido pelas empresas poderá ser também um “encorajamento de aumento do seu investimento”.

Ainda no campo corporativo, mais medidas do executivo Trump (aparentemente menos visíveis) tiveram efeito no tecido empresarial norte-americano, conta Tristan Camp. “O governo norte-americano tem estado bastante ocupado a reverter algumas medidas implementadas anteriormente, numa série de áreas como o ambiente, saúde e segurança, energia, ou na área financeira, como é o caso da revisão da Dodd Frank ou da flexibilização das regras para alguns bancos mais pequenos, com o objetivo de que se possa estimular o empréstimo para empresas de menor dimensões. Para determinadas empresas esta tentativa de alívio regulatório é muito importante, especialmente para as de menor dimensão. O terceiro e o quarto trimestre do ano passado mostraram portanto uma boa forma da economia norte-americana, para a qual contribuíram diversas áreas: o sector empresarial está em boa forma, tal como o consumo, e o mercado imobiliário pode ser apelidado de robusto”, resume o especialista.

Ações norte-americanas caras?

Parece ser consenso de mercado que as ações norte-americanas estão já de certa forma caras. A este nível, o investment specialist preferiu ser cauteloso: alerta para o facto de “existirem ações de determinados sectores que já participaram no rally do mercado e cujas expectativas já subiram”, mas “outras que, pelo contrário, ainda não o fizeram, e onde existe ainda espaço para subida”.

Goldilocks e os seus riscos

O contexto macro positivo atual, com os lucros a apresentarem-se positivos, e a inflação em níveis baixos, trata-se de um cenário que, segundo o profissional, “o mercado já aceitou e incorporou”. Um panorama que já muitos apelidam de um Goldilocks, “em que a economia não está nem demasiado “aquecida” nem demasiado “fria””, mas que comporta alguns riscos importantes a olhar:

1. Perigo de cenário de deflação. “Muito temos ouvido sobre este cenário; o spread da yield curve está a estreitar-se e, provavelmente, algures no tempo, entrará numa inversão. Este é um cenário que requer especial atenção da nossa parte, já que, como é visível no gráfico abaixo, foi sinónimo de recessão noutras épocas”, referiu.

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2. Taxas de longo prazo a acelerarem. Um cenário claramente contrário ao anunciado atrás, com “as taxas de longo prazo a acelerarem e a moverem-se mais rápido e mais alto do que o mercado está à espera”. O profissional acrescenta que se “as tensões - numa economia perto da sua capacidade total - aparecerem, e se o crescimento dos salários acelerar, isso pode implicar mais inflação o que conduzirá a taxas de juro mais elevadas, e encorajará a Fed  a aumentá-las". 

Ações norte-americanas: onde está o risco?

Neste contexto, o especialista acredita que há oportunidades para determinados segmentos do mercado, mas riscos a ter em atenção noutros. As mega caps tecnológicas norte-americanas – vulgarmente conhecidas por ‘FAANG stocks’ - por exemplo, poderão ser condicionadas, segundo o profissional, pela subida de taxas de juro. “São, na sua maioria, empresas que já beneficiaram deste contexto de baixo crescimento, baixa inflação, e baixas taxas de juro, e que podem sair prejudicadas quando o paradigma mudar”, especifica.

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As oportunidades em ações norte-americanas podem ser seguidas através de dois fundos da casa. Na sua apresentação, o especialista de investimento reservou espaço para dois produtos - ambos com selo Blockbuster Funds People – que podem beneficiar do contexto de recuperação dos Estados Unidos. O Legg Mason Royce US Small Cap Opportunity Fund, tal como o próprio nome indica, foca-se nas empresas de pequena capitalização dos EUA, o que o torna “um produto pouco comum no espaço UCITS existente”. Uma estratégia ‘value driven’, que se foca em ações com um baixo price/book.

A outra estratégia – o Legg Mason ClearBridge US Large Cap Growth Fund – procura empresas ‘quality growth’ com potencial  de crescimento dos lucros e dos seus cash flows no longo prazo.