Muitas vezes os investidores compram bons fundos de investimento, embora os utilizem mal. Pode parecer paradoxal, mas é a realidade. Fernando Luque, editor financeiro da Morningstar, explica este tema.
Muitas vezes os investidores compram bons fundos, mas depois utilizam-nos mal. Pode parecer paradoxal, mas é uma realidade. Quais são os erros que os investidores cometem na hora de utilizar estes produtos? Fernando Luque, editor financeiro da Morningstar, resume tudo em dois pontos:
Em primeiro lugar, cometem o erro de comprar e vender participações desses fundos fora de tempo. Um recente estudo elaborado pela empresa de análise a nível europeu, mostra que em cada ano os investidores perdem cerca de 34 pontos base (ou seja, 0,34%) devido à sua incapacidade de entrar e sair dos fundos no momento certo. "Estes investidores compram caro e vendem barato, o contrário do senso comum", afirma. Além disso, o estudo mostra que a diferença entre a rendibilidade do fundo e a rendibilidade do investidor médio (tendo em conta os fluxos de entrada e de saída) é maior nos fundos mais voláteis, como os fundos de ações de mercados emergentes ou os fundos sectoriais.
Mas esse não é o único erro que os investidores cometem com os seus fundos. Segundo Fernando Luque, também utilizam mal os fundos na hora de construir as suas carteiras. "Geralmente, tendem a acumular fundos de diversos tipos sem perguntar, realmente, qual é a distribuição desejada de ativos. Em muitos casos, passado um certo período, os investidores não se recordam do motivo de ter comprado determinado fundo. É importante recordar que cada fundo deve cumprir uma determinada função dentro da carteira, ainda que o mesmo fundo possa ter funções diferentes, consoante o investidor", explica o especialista.
Uma pessoa, por exemplo, pode investir num fundo de ações com o objetivo de obter uma rendibilidade a longo prazo acima da inflação, enquanto outro investidor pode investir nesse mesmo fundo, de forma especulativa, com o objetivo de tirar dividendos a curto prazo. Da mesma forma, um participante pode achar conveniente incluir um fundo de obrigações na sua carteira para lhe dar alguma estabilidade, enquanto outro pode aproveitar o fundo de obrigações para aproveitar, pontualmente, uma queda das taxas de juro.
Para Fernando Luque é fundamental ter claras quais são as expectativas em cada fundo na sua carteira. Para realizar este exercício, nada como pensar nos objetivos que o levaram a incluir cada um dos seus fundos na sua carteira e ir verificando se estes objetivos ainda são válidos hoje, recomenda o profissional.