Os fundos de ações selecionados pelas gestoras internacionais para 2018

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scatman1, Flickr, Creative Commons

Os mercados de ações têm representado outro segmento de mercado em que as opiniões estão longe de ser consensuais. No entanto, ao longo de todo o ano passado os mercados mostraram um comportamento positivo, fechando o ano em máximos absolutos a nível de preço e em máximos relativos a nível de valorização. No entanto, os responsáveis das gestoras internacionais continuam a encontrar estratégias que fazem sentido neste contexto e que, na sua convicção, serão capazes de superar as dificuldades que o momento configura.

Vemos uma tendência de seleção de produtos de enfoque europeu, embora alguns fundos flexíveis e estratégias temáticas tenham lugar no mix da totalidade dos fundos selecionados. Contudo, uma das palavras que mais se repete é ‘seleção’, no sentido em que grande parte das estratégias têm um processo de investimento que passa por uma seleção minuciosa dos títulos a investir, configurando carteiras únicas que encontram nichos de valor em mercados globalmente caros.

Apresentamos-lhe de seguida os fundos de ações que os vendas das gestoras internacionais elegem para enfrentar o novo ano que agora começa.

Marta_Mari_nA recomendação de Marta Marín para enfrentar o próximo ano é um dos fundos de referência da casa de investimento francesa: o First Eagle Amundi International Fund.  Segundo indica a diretora geral da Amundi para a Península Ibérica, trata-se de um fundo value, oportunístico com mais de 20 anos de história, para “os investidores que procuram um retorno consistente a longo prazo e preservação de capital em tempos de incerteza. É uma estratégia de enfoque global  gerida com uma flexibilidade que lhe permite usufruir de oportunidades onde apareçam, sem restrições de qualquer tipo. Segue uma filosofia de gestão value, investindo em negócios de alta qualidade com uma margem de segurança, ou seja, quando proporcionam um desconto significativo face ao valor intrínseco. O fundo pode ter níveis significativos de liquidez quando as oportunidades são menos abundantes. Tem também uma posição estrutural em valores relacionados com o ouro, como meio de cobertura contra eventos extremos ou imprevisíveis. Oferece portanto uma exposição prudente aos mercados de ações, com a preservação e a capacidade aquisitiva do capital como objectivo primordial”, descreve Marta Marín.

 

Beatriz Barros de Lis AXAO produto selecionado por Beatriz Barros de Lis é o AXA WF Framlington Robotech. Segundo explica a diretora geral da AXA Investment Managers para a Península Ibérica, a “AXA IM oferece oportunidades de investimento em tendências que estão a ter um grande peso no futuro desenvolvimento das economias a nível global. Acreditamos numa gestão ativa e sem restrições que se centre nas áreas onde o crescimento e as rentabilidades sejam sensivelmente superiores ao resto do mercado. O investimento em tendências pode trazer rentabilidade às carteiras e contribuir para reduzir o risco. Através deste fundo é dado acesso aos investidores a áreas potenciais como a automatização industrial, transporte, setor sanitário e tecnologia vinculada a sensores, conectividade e software”, afirma.

 

AitorJaureguiA eleição de Aitor Jauregui, responsável de desenvolvimento de negócio de BlackRock para a Ibéria, é o BGF Euro-Markets. “Trata-se de um fundo flexível pelo próprio estilo de investimento e capitalização, que investe em 30-50 títulos da zona euro, tanto de grande como de pequena capitalização, e de qualquer sector. O processo de investimento é bottom-up, no qual mais de 50% de rentabilidade e o risco são determinados pela seleção de títulos. Totalmente flexível em termos de capitalização de mercado, sectores ou estilo de investimento (growth/value)”, afirma. Entre as principais características relativas ao produto, destaca o facto de ser gerido por Alice Gaskell e Andreas Zoellinger, membros da equipa de ações da BlackRock liderada por Nigel Bolton, e o facto de manter um objetivo de tracking error entre os 3,5% e os 5,5%.

 

Sasha EversO fundo selecionado por Sasha Evers é o BNY Mellon Long-Term Global Equity, um produto gerido por Walter Scott da responsabilidade da gestora com sede em Edimburgo, especializada na gestão de carteiras de ações globais. “O fundo investe em empresas de alta qualidade (empresas com baixos níveis de alavancagem) com capacidade de crescimento acima do nível dos seus concorrentes e do mercado. São aquelas empresas tipicamente de grande capitalização, com um ROE (rentabilidade de recursos próprios) e ROI (retorno sustentável do investimento) entre 20% e 25%. A sua carteira engloba entre 40 a 60 títulos, geridos sob uma estratégia de “comprar e manter” a longo-prazo dirigida para a maximização do potencial de revalorização das ações. A rotação anual do fundo é baixa (tipicamente entre os 15% e os 25%). A qualidade da carteira reflete-se no bom comportamento da estratégia do fundo em momentos de stress dos mercados financeiros (2008/2011). É um fundo gerido de forma ativa com um estilo mais focado nas características das ações individualmente do que em tendências ‘macro’. Utiliza o índice MSCI World como índice de referência, mas apenas para efeitos de comparação e não como referência para a composição da carteira”, explica o diretor geral da BNY Mellon IM para a Ibéria.

 

2ef760a3d72fb0a2O produto apontado para o próximo ano por Mario González e Álvaro Fernández é o Capital Group New Perspective Fund (Lux), uma opção que os diretores de distribuição da Capital Group para a Ibéria consideram ideal para aqueles investidores que pretendem aceder ao potencial de ações globais, mas de uma maneira consistente e conservadora. “O fundo baseia-se numa estratégia com mais de 44 anos de história, mais de 70.000 milhões de dólares em ativos sob gestão e mais de 2 milhões de clientes a nível mundial. Ao longo desses 44 anos, gerou uma rentabilidade anualizada de 12,1% (líquida de comissões) com uma volatilidade menor que o mercado. Além disso, o fundo é o único em toda a sua categoria (composta por mais de 300 fundos) que conta com o Gold Morningstar Analyst Rating, a classificação mais alta outorgada. Investe em empresas multinacionais que beneficiam dos padrões do comércio mundial. Os gestores têm uma experiência média de 28 anos na indústria”, destacam.

 

Mariano_ArenillasA grande aposta de Mariano Arenillas para investir em ações no próximo ano é o Deutsche Invest I Top Dividend. Segundo o responsável da Deutsche Asset Management para Espanha e Portugal, o pagamento de dividendos tem-se tornado bastante atrativo para os investidores num ambiente de taxas de juro baixas a longo-prazo. “O Deutsche Invest I Top Dividend foca-se nas empresas com um balanço sólido e rentabilidade de dividendos estável. Com um perfil assimétrico de risco-retorno, o fundo posiciona-se de forma defensiva, oferecendo a possibilidade de retornos correntes com um risco baixo. Uma retrospetiva histórica mostra que numa média de longo-prazo, cerca de metade da rentabilidade das ações provêm do pagamento de dividendos reinvestidos. Os investidores que queiram participar nas subidas bolsistas devem valorizar um pagamento atrativo (anual) e esperar uma certa estabilidade no seu investimento em ações, pelo que deverão estar bem posicionados com o Deutsche Invest I Top Dividend a longo-prazo”.

 

SebastianA grande aposta em ações de Sebastián Velasco é o FF European Dynamic Growth Fund. Tal como revela o diretor geral da Fidelity para Espanha e Portugal, trata-se de um produto que investe em empresas europeias que são negociadas abaixo do seu valor intrínseco, focando-se naquelas cujo potencial de crescimento a longo-prazo se encontra subvalorizado pelo mercado. “As perspetivas para a Europa a curto e médio prazo são positivas. As economias europeias estão a recuperar, ainda que o ciclo económico mundial esteja a durar mais do que é normal e existam riscos, sobretudo riscos políticos. Se bem que as ações europeias não estão baratas, são atrativas face às alternativas existentes. De qualquer das formas, agora mais do que nunca a chave encontra-se numa boa seleção de valores baseada na análise fundamental”, destaca Velasco.

 

_C2_A9NC054Num momento macro favorável para a Europa – valorizações atrativas e boa saúde por parte dos resultados corporativos no ambiente de taxas atual – os sectores mais cíclicos terão melhores resultados. É a convicção de Ramón Pereira, diretor geral da Franklin Templeton Investments para Portugal e Espanha, que aposta no Templeton Euroland para o próximo ano, um fundo de ações que investe na zona euro e que permite evitar um mercado britânico que poderá gerar volatilidade excessiva e um mercado suíço onde as valorizações estão muito mais ajustadas. “Trata-se de um fundo com uma orientação value (cíclico) focado num estilo de seleção de empresas com um horizonte de investimento de longo-prazo. A gestora Templeton foi fundada em 1940 e desde então manteve o seu estilo de investimento, baseado no processo orientado para a procura por valor a longo-prazo”, recorda Pereira.

 

Lucia Catalan Goldman Sachs GSO produto selecionado por Lucía Catalán é o GS Europe CORE Equity. “Recomendamos este fundo, que tem como objetivo bater o MSCI Europe com um tracking error de 3%. E recomendamo-lo pela sua consistência, posição entre os melhores da sua categoria e, para além disto, porque conta com um processo de investimento extremamente inovador através da utilização que faz de ferramentas de análise de big data e inteligência artificial. O GS Europe Core situa-se no primeiro quartil a 1, 3 e 5 anos dentro do universo de ações europeias. O fundo tem um estilo neutral e terá uma exposição sectorial bastante parecida ao MSCI Europe. A estratégia passa por adotar o MSCI Europe como ponto de partida e ir tomando posições relativas em função das convicções da equipa a partir da análise fundamental, a qual vai sendo complementada por uma análise de tipo macro e de sentimento do mercado. Uma das características diferenciadoras do GS Europe CORE Equity é que tem a capacidade para se adaptar rapidamente às alterações de tendência nos mercados e ter um bom desempenho, independentemente dos ciclos growth ou value”, explica a responsável da Goldman Sachs AM para a Ibéria e América Latina.

 

Inigo Escudero InvescoA opção eleita por Iñigo Escudero para 2018 é o Invesco Euro Equity. Segundo explica o diretor de Vendas e de Serviço ao Cliente da Invesco para a Ibéria e América Latina, este fundo investe fundamentalmente em ações da zona euro e é gerido por Jeffrey Taylor, responsável da equipa de ações europeias da Invesco em Henley, um profissional com mais de 20 anos de experiência na indústria. “Com uma gestão puramente fundamental, o gestor do fundo combina uma análise top-down e bottom-up centrada em procurar as ineficiências do mercado através das valorizações. Tem um enfoque flexível e não segue um índice de referência, investindo sim exclusivamente onde vê valor, sem limitações geográficas nem sectoriais. Graças à sua aposta pelos sectores mais subvalorizados é quartil 1 a 3 anos e o melhor fundo dos 125 fundos da sua categoria a 5 anos”, sublinha.  

 

DoradoO produto de ações selecionado por Javier Dorado para investir no próximo ano é o JPM Europe Dynamic. Segundo explica o diretor geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha, trata-se de um fundo “best ideas” de ações europeias que investe com grande flexibilidade face ao seu índice de referência (o MSCI Europe Index). “Costuma ter em carteira cerca de 50 títulos e cobre todo o espectro de capitalização, desde pequenas até grandes empresas. Trata-se de um dos fundos com mais histórico  da gama que comercializa a nossa entidade. Foi lançado no ano 2000 e conta com um grande histórico desde então. É gerido por uma equipa muito estável com uma longa trajetória e a mesma filosofia e processo de investimento desde o seu começo. Acreditamos que é uma grande forma de aproveitar as oportunidades que a região europeia oferece no cenário atual de recuperação económica”, afirma Dorado.

 

Javier_Mallo_Legg_MasonJavier Mallo, responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha, acredita que a economia dos EUA continuará a crescer durante o próximo ano e que as ações norte-americanas continuem a oferecer oportunidades em 2018. “Neste contexto  de mercado continuamos a apostar na gestão ativa no segmento de micro e pequenas empresas com um bias valor, uma área com valorizações ainda muito atrativas. O fundo Legg Mason Royce US Small Cap Opportunity, com uma estratégia  implementada há mais de 30 anos, utiliza um enfoque único, flexível e oportunístico que identifica empresas subvalorizadas ou em fase de restruturação interna onde a equipa gestora identifica catalisadores para que efetuem as mudanças necessários. Com uma carteira de empresas muito diversificada (entre 240 e 325), oferece uma exposição importante a temáticas (infraestrutura e crescimento económico para o sector de bens de investimento ou o desenvolvimento tecnológico a nível global) que a equipa gestora considera muito interessantes para os próximos trimestres”, afirma.

 

Ignacio_20Rodri_CC_81guez_20-_20prefIgnacio Rodríguez Añino está convencido que a bolsa europeia será uma aposta de valor durante 2018, especialmente as empresas de bias value. A aposta do responsável da M&G Investments em Portugal, Espanha e América Latina é o M&G European Strategic Value, produto gerido por Richard Halle que desde o início do ano alcançou uma rentabilidade superior a 10%. “Halle investe 80% da sua carteira em ações que considera subvalorizadas. As ações são selecionadas segundo os seus méritos individuais, através da combinação de uma análise centrada no valor e uma avaliação qualitativa. O universo de investimento é composto entre 60 e 100 empresas, distribuídas de forma equilibrada em termos geográficos e sectoriais. Trata-se de uma alternativa de investimento que proporciona crescimento do capital a longo prazo (horizonte de investimento superior a cinco anos)”.

 

 

 

 

NordeaA procura de soluções climáticas está a aumentar devido a razões económicas, sociais e corporativas. Por esse motivo, Laura Donzella, responsável da Nordea para a Ibéria e América Latina, acredita que esta tendência encaixa perfeitamente nos investidores com expectativas de longo prazo, já que afeta não só as indústrias mas sim toda a cadeia de valor. “O Nordea 1- Global Climate and Environment Fund permite aos investidores fazer parte desta tendência e beneficiar das suas soluções. Conseguimos isto concentrando-nos em empresas que utilizam os seus conhecimentos para contribuir de uma forma mais eficiente e sustentável para a sociedade e que apresentam yields muito atrativas e um crescimento estável”, explica Donzella.

 

RengifoSegundo Gonzalo Rengifo, para 2018 é importante ter-se uma ideia distinta, como o investimento temático, e um enfoque de ações globais que facilite acesso a empresas que não estão nos principais índices, relativamente independente do ciclo, que possa contribuir para melhorar o perfil de risco/rentabilidade. “É o caso do Pictet Global Environmental Opportunities, resposta à procura de inovação no meio ambiente. Centra-se em áreas de uso mais eficientes de recursos naturais e controlo de contaminação, empresas com baixo impacto meio-ambiental que proporcionam soluções tecnológicas ligadas ao meio ambiente. É o caso de aplicações informáticas com virtualização, chave da indústria 4.0. Para além disso, começa a fixar-se na eletrificação de transporte para veículos híbridos e elétricos, construção e arquitetura verde e água, especialmente purificação e tratamento. Estas empresas mostram crescimento de vendas de 5% a 6% anuais, e de lucros, de 10% a 12%”, revela o diretor geral da Pictet AM na Ibéria e América Latina.

 

CarlaBergarecheO produto escolhido por Carla Bergareche para investir em 2018 é o Schroder ISF Euro Equity. Segundo a diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha, a melhoria dos fundamentais em toda a zona euro, apoiada por uma favorável conjuntura económica, tem dado apoio às ações europeias, apesar da revalorização do euro. Por este motivo, da entidade têm aumentado as suas perspetivas de crescimento para a região no próximo ano, e apostam nas ações desta zona, já que consideram que oferece ainda valorizações mais atrativas do que outros mercados. “O Schroder ISF Euro Equity é um fundo apropriado para este contexto. Com um histórico destacável, o seu gestor, Martin Skanberg, tem sido reconhecido este ano como o melhor gestor de ações europeias pela Morningstar e acumula uma rentabilidade desde o início do ano de 17,2% (Classe A Acc EUR a 31 de outubro de 2017). Carateriza-se pela flexibilidade do seu estilo, que cobre tanto títulos growth como value, demarcando-se das tendências e enfocando-se na seleção de títulos como motor de rentabilidade. A equipa de analistas dedica muito tempo a reunir-se com as equipas de direção das empresas que seguem, e o seu objetivo é identificar empresas subvalorizadas pelo mercado com um catalisador de mudança eminente”.

 

JuanInfanteO veículo de investimento eleito por Juan Infante como principal aposta para investir no próximo ano no mercado de ações é o UBS Global High Dividend (EUR hedged) P-acc. O diretor geral da UBS Asset Management para Portugal e Espanha elege este produto pelo seu “caráter defensivo” que se adequa ao atual momento de mercado. O profissional conta que o fundo, tal como o seu próprio nome indica, “investe em empresas de todo o globo que oferecem uma dividend yield elevada”. O produto foca-se “em factores de qualidade de forma a excluir as ações de baixa qualidade, incluindo assim empresas com capacidade para pagar dividendos estáveis e crescentes”. O portefólio oferece elevada diversificação através da baixa ponderação de uma única ação, mas também através de alocações diversificadas por país e sector. O produto apresenta ainda um perfil de risco típico dos fundos de ações, e o risco de investimento em moeda local é coberto pela equipa.