Os fundos de obrigações selecionados pelas gestoras internacionais para investir com êxito em 2018

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Thomas Leth-Olsen, Flickr

Se 2017 se apresentava como um ano difícil para os gestores de fundos de obrigações, acabou por se revelar mais um período de rentabilidades positivas para o segmento. E se, no início de 2017, os mercados se mostravam ‘completamente espremidos” de yield, o panorama não é muito diferente no início de 2018. Portanto, encontrar fontes de rentabilidade continua a ser um trabalho difícil, e o risco inerente a uma inversão das políticas monetárias em algumas das principais economias mundiais é real e poderá penalizar os investidores nesta classe de ativos mais defensiva.

Os responsáveis pelo negócio das gestoras internacionais na Península Ibérica estão bem cientes disso, e as suas escolhas no segmento para o novo ano são um reflexo dessa consciência. Por um lado vemos uma seleção focada em fundos globais e flexíveis. São estratégias que têm a possibilidade de encontrar rendimento em diferentes segmentos ou geografias do mercado de obrigações e, portanto, satisfazer a necessidade de yield dos investidores. Por outro lado, vemos uma vasta seleção de fundos de curto prazo. Aqui a preocupação é outra, nomeadamente, a proteção de capital inerente a instrumentos de obrigações para os quais os gestores têm mais visibilidade. No entanto, encontramos também sugestões de fundos de obrigações emergentes e de retorno absoluto no mix, proporcionando ao leitor uma diversidade de recomendações a considerar.

Marta_Mari_nA primeira opção eleita por Marta Marín para investir no mercado de obrigações no próximo ano é o Amundi Funds Bond Global Aggregate. A diretora geral da Amundi para a Ibéria destaca do produto a sua capacidade para aproveitar o valor onde se encontra em todo o universo de obrigações, emitentes e países. “A sua gestão ativa e flexível procura gerar rentabilidades absolutas positivas tanto em contextos de subidas como de cortes de taxas. Pode evitar regiões ou sectores que ofereçam riscos não recompensados, diversificando em dívida pública, corporativa e emergente para procurar valor, colocando a tónica na qualidade e liquidez; enquanto que as divisas constituem uma importante fonte de rentabilidade a gestão ativa do orçamento de risco reduz a volatilidade. Apresenta uma gestão de ciclo completo com uma rentabilidade anualizada de 8,5% nos seus 10 anos de história (AUC no final de outubro) e 4 estrelas Morningstar. Para além disso, é gerido pela Amundi, uma das maiores gestoras de obrigações do mundo”, sublinha.

 

A opção eleita por Beatriz de Barros LisBeatriz Barros de Lis AXA para o próximo ano é o AXA WF Global Short Duration Bonds. Tal como detalha a diretora geral da AXA Investment Managers para a Ibéria, “a estratégia investe de forma flexível em todo o espectro de obrigações com vencimentos curtos, inflation linked bonds, obrigações de elevada qualidade de crédito (investment grade), high yield e dívida emergente em divisa forte. A qualidade creditícia média é de grau de investimento. Ao limitar o vencimento das obrigações em que investe, mitiga-se a volatilidade derivada das possíveis subidas de taxas de juro de mercado e os spreads da dívida corporativa, ao mesmo tempo que se reduz o risco de crédito dando uma maior visibilidade às fontes e necessidades de fluxos de caixa dos emitentes”, revela Barros de Lis.

 

AitorJaureguiO produto selecionado por Aitor Jauregui para enfrentar 2018 é o BGF Fixed Income Global Opportunities Fund. Segundo explica o responsável de desenvolvimento de negócio da BlackRock para a Ibéria, trata-se de um fundo de obrigações flexível cujo objetivo de investimento é maximizar a rentabilidade através de uma combinação de valorização e rendimento, mas com um enfoque importante na preservação de capital, com uma duração que pode estar entre os -2 e os 7 anos. “O BGF FIGO tem demonstrado ter uma boa rentabilidade tanto em bull markets para as obrigações como em períodos de subidas de taxas. Para além disso, não tem índice de referência, o que permite estar investido apenas nas melhores oportunidades que a equipa gestora vislumbra, sem ter que alocar capital a estratégias sobre as quais não estão convencidos. Também têm flexibilidade sectorial e geográfica. O fundo é gerido por Rick Rieder (diretor de investimentos de obrigações), Scott Thiel e Bob Miller, tem um objetivo de rentabilidade de Libor +3-4% (líquido de comissões) e um objetivo de rácio de Sharpe superior a um”.

 

Sasha EversSasha Evers aponta o BNY Mellon Global Dynamic Bond Fund, um produto gerido pela Newton, especialista em investimento global, que identifica temas e tendências globais nos mercados de obrigações a longo prazo. Segundo o diretor geral da BNY Mellon IM para a Ibéria, “o fundo investe em mercados de obrigações, incluindo dívida de governos, crédito investment grade, high yield e dívida emergente soberana. Para além disso, assume posições em divisas, gere a duração de forma ativa e utiliza derivados com fins de cobertura para reduzir a volatilidade da carteira e para a proteger. “Consideramos este fundo interessante porque é uma estratégia de gestão ativa e sem restrições que, sem dúvida se vê beneficiado pela estratégia de investimento temática da Newton e por uma longa trajetória da sua estratégia, ativa desde 2006. É, para além disso, um produto que persegue a proteção de capital, algo que procuram os investidores conservadores no momento atual.

 

2ef760a3d72fb0a2O fundo referido por Mario González e Álvaro Fernández Arrieta, diretores de distribuição da Capital Group para Ibéria, é o Capital Group Global High Income Opportunities (Lux). “Tendo em conta o contexto de rentabilidades em mínimos no qual nos movemos atualmente, acreditamos que a melhor opção passa por uma estratégia de crédito flexível. Neste sentido, o Capital Group Global High Income Opportunities (Lux) tem o objetivo de proporcionar um dividendo de forma consistente ao longo do tempo e arrecada mais de 18 anos de histórico. O fundo investe de maneira flexível e ativa no universo de dívida high yield (corporativa, high yield e emergente) a nível mundial e tem proporcionado um dividendo anual médio de 8% durante os últimos 14 anos. Os gestores têm uma experiência média de 26 anos na indústria”, revelam.

 

Mariano_ArenillasO produto de obrigações selecionado por Mariano Arenillas para enfrentar o próximo ano é o Deutsche Invest Short Duration Credit. O fundo apresenta, segundo o profissional, uma duração entre 0 e 3 anos e foca-se em obrigações corporativas globais. Com um espectro de investimento alargado, o fundo chega a investir também em outros espectros de dívida, como obrigações financeiras, covered bonds, obrigações corporativas de mercados emergentes, asset backed securities e obrigações subordinadas. As posições em obrigações governamentais, incluídas para conferir liquidez de gestão, estão “limitadas a obrigações governamentais alemãs”. É efetuada a cobertura de risco cambial.

 

SebastianA estratégia de obrigações selecionada por Sebastián Velasco para enfrentar 2018 é o FF Flexible Bond Fund, um produto  que – segundo explica o diretor geral da Fidelity para Portugal e Espanha – foi desenhado para ser o núcleo de uma carteira de obrigações e que investe em obrigações com um enfoque global, sem restrições e de rentabilidade total. “Devido às baixas yields atuais, a correta seleção de obrigações corporativas e uma due diligence exaustiva será chave para garantir que o fundo está exposto às empresas com a melhor rentabilidade ajustada ao risco. No que diz respeito às taxas de juro, o nível historicamente baixo da dívida pública faz com que seja prudente cortar o risco de duração na parte mais conservadora da carteira”, afirma Velasco.

 

_C2_A9NC054“Onde investir em obrigações num contexto de subidas de taxas nos EUA? Esta é a pergunta que fazemos todos na hora de posicionar as nossas carteiras para 2018”, afirma Ramón Pereira. O diretor geral da Franklin Templeton para Portugal e Espanha, acredita que o Templeton Global Bond é uma das melhores opções em obrigações para o próximo ano. “Num contexto reflacionista que vem de rentabilidades zero (e até negativas) o grande inimigo das obrigações é a duração. Duração zero é o nosso objetivo no Templeton Global Bond neste contexto, mantendo uma elevada rentabilidade (YTM de 7,4%) com um qualidade média em carteira de BBB+. O fundo tem um bias emergente em divisas, que depois de anos complicados oferecem muito valor sendo seletivos em países com importantes taxas de crescimento (México, Brasil, Índia). Se acredita num contexto de crescimento global, um contexto reflacionista e onde começaremos pouco a pouco a afastar-nos de taxas 0%, o Templeton Global Bond será uma grande opção para um investidor em obrigações”, assegura.

 

Lucia Catalan Goldman Sachs GSAs expectativas de Lucía Catalán é de que o mercado de obrigações emergente continue a ter um bom comportamento durante 2018. Por isso, a diretora da Goldman Sachs AM para Ibéria e América Latina recomenda o GS Emerging Market Debt. “Trata-se de um fundo muito diversificado e com um amplo historial a investir em dívida de países emergentes denominados em dólares. A estratégia aplica um enfoque bottom-up de seleção de títulos, baseado na análise fundamental e apoiado por uma análise quantitativa. Os analistas estudam não só a situação financeira e fiscal do país emitente, mas também têm em conta a sua situação macroeconómica e o panorama político. A equipa de obrigações emergentes da Goldman Sachs AM criada em 1993 e cujos fundadores continuam hoje a liderar a equipa, é uma referência dentro desta classe de ativos, com mais de 45.000 milhões de dólares em ativos sob gestão. O fundo situa-se no primeiro quartil da sua categoria a 3 e a 5 anos”, destaca Catalán.

 

Inigo Escudero InvescoA grande aposta em fixed income de Iñigo Escudero é o Invesco Euro Short Term Bond. Trata-se de uma estratégia que – segundo o diretor de Vendas e de Serviço ao Cliente da Invesco para Ibéria e América Latina – é muito mais do que um fundo de liquidez. “A equipa gestora liderada por Luke Greenwood e Lyndon Man, investe principalmente numa carteira diversificada de dívida soberana a curto prazo e dívida corporativa investment grade denominada em euros, com a flexibilidade de investir numa pequena parte da carteira em dívida com vencimentos mais longos não denominada em euros ou dívida high yield se as circunstâncias o aconselham. Trata-se de um fundo perfeito para enfrentar o potencial cenário de aumento de taxas que pode acontecer nos próximos trimestres. O fundo situa-se no primeiro quartil do seu grupo de comparáveis (1, 3 e 5 anos) e duplica como mínimo a rentabilidade do seu índice de referência a 1 e 3 anos”, explica Escudero.

 

DoradoA estratégia de obrigações com a qual fica Javier Dorado, diretor geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha para o próximo ano é o JPM Global Bond Opportunities Fund. “É um cenário complicado para as obrigações, no qual continuaremos a ver divergências nas políticas monetárias dos principais bancos centrais e há poucas oportunidades no mercado europeu; por isso acreditamos que o JPM Global Bond Opportunities é um fundo muito bem posicionado e dotado da flexibilidade necessária para capitalizar as melhores ideias globais dentro do universo de fixed income. Este fundo apresenta um comportamento histórico muito atrativo com um nível de risco moderado. É gerido por uma das maiores equipas de obrigações, que conta com uma grande quantidade de recursos a nível global para poder desenvolver e implementar as suas ideias de investimento”, destaca Dorado sobre o produto.

 

Javier_Mallo_Legg_MasonPara 2018, Javier Mallo continua a apostar em fundos de obrigações flexíveis, globais e sem restrições, como é o caso do Legg Mason Western Asset Macro Opportunities Bond Fund. Segundo explica o responsável da Legg Mason Global AM para Portugal e Espanha, “este fundo especialmente desenhado para maximizar a rentabilidade em qualquer retorno de mercado com um limite de volatilidade, obteve uma rentabilidade desde o início do ano de 13%, e acreditamos que continuará a obter  boas yields nos próximos meses. Trata-se de um fundo que investe de maneira muito diversificada em diferentes subsectores no universo de obrigações e também incorpora uma gestão macro que se combina de maneira tática (curva, duração – que pode oscilar entre -5 e 10 anos – e volatilidade”.

 

Ignacio_20Rodri_CC_81guez_20-_20prefA preferência de Ignacio Rodríguez Añino, responsável da M&G Investements em Portugal, Espanha e América Latina, é o M&G Emerging Markets Bond Fund. “As obrigações continuam a ser uma parte fundamental nas carteiras e um dos segmentos mais interessantes neste momento – e sem dúvida no próximo ano – são os mercados emergentes. Os fundamentais dos países emergentes continuam a melhorar em linha com os bons dados macro que verificamos a nível global. Oportunidades selecionadas na Ásia, Europa de Leste e América Latina poderão proporcionar-nos surpresas muito atrativas em 2018. A nossa aposta é portanto no M&G Emerging Markets Bond Fund, gerido por Claudia Calich. O fundo acumula mais de cerca de 11% de rentabilidade desde o início do ano e conta com absoluta flexibilidade para encontrar as oportunidades de investimento mais atrativas entre geografias, divisas e peso na carteira entre obrigações governamentais e corporativas”, explica.

 

 

 

NordeaNo atual cenário de rentabilidades baixas (e até negativas), os investidores estão a ter dificuldade em encontrar soluções em obrigações capazes de gerar rentabilidades positivas com um nível de risco baixo. Isto a somar ao receio de uma subida repentina das taxas de juro, o que complica ainda mais a situação. De acordo com Laura Donzella, com a melhoria das perspetivas de crescimento global e dos fortes fundamentais, o Emerging Market Debt continua a ser um dos poucos na área das obrigações onde podem ser encontradas yields atrativas. A forte procura por investimentos de higher-yielding não nega a complexidade desta classe de ativos: "em 2018, os eventos idiossincráticos do país continuarão a marcar o tom". Em 2012, a Nordea apontou o PGIM Limited como gestor do Nordea 1 – Emerging Market Bond Fund, “oferecendo uma solução forte com mais de cinco anos de histórico inigualável e gerido por uma equipa de investimentos com cerca de duas décadas de experiência”.

 

RengifoSegundo Gonzalo Rengifo, “a dívida empresarial em euros é o ativo mais caro em obrigações, enquanto a de emergentes continua barata e pode ter oportunidades em moeda local, com altas rentabilidades relativas. Daí fazer sentido o Pictet Short Term Emerging Corporate Bonds, que investe em crédito empresarial de emergentes, favorecido pelo contexto de baixas taxas de rentabilidade em dívida soberana e procura de rentabilidade adicional com volatilidade moderada. Para além disso, estas empresas têm aumentado o seu fluxo de caixa e reduzido a alavancagem financeira. Na verdade, as suas taxas de incumprimento e recuperação de crédito em geral ajustam-se a standards desenvolvidos e para classificações de crédito equivalentes a sua solvência costuma ser melhor”, assinala o diretor geral da Pictet AM para a Ibéria e América Latina.

 

CarlaBergarecheDurante grande parte deste ano, os mercados têm-se comportado de forma complacente o que – segundo Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha – obriga a estar mais alerta para os possíveis riscos que se aproximam nos  próximos meses. Dentro da área de obrigações e particularmente no universo de obrigações corporativas, da entidade continuam a estar cautelosos porque as valorizações não são atrativas e porque esperam que o BCE compre menos obrigações à medida que se começam a reduzir os estímulos. “Para ter êxito será chave um enfoque flexível e ágil.  O Schroder ISF Euro Credit Absolute Return investe em obrigações denominadas em euros e emitidas por empresas de todo o mundo com o objetivo de proporcionar uma rentabilidade positiva durante um período até 12 meses em todas as condições de mercado. Para isso, o fundo investe a maior parte dos seus ativos em posições longas ou curtas (através do uso de instrumentos derivados) em obrigações denominadas em euros e emitidas por governos, organismos públicos, supranacionais e empresas de todo o mundo. Carateriza-se pela amplitude do seu universo de investimento, podendo investir em obrigações high yield, dívida pública soberana, títulos suportados por ativos e hipotecas e obrigações convertíveis. No final de outubro, acumulava uma rentabilidade desde o início do ano de 3,7% (classe A ACC EUR)”.

 

JuanInfanteDentro do campo do fixed income, a recomendação de Juan Infante para 2018 é um ETF, mais concretamente o UBS ETF (LU) J.P. Morgan USD EM Diversified Bond 1-5 UCITS ETF. Segundo explica o responsável da UBS AM para Ibéria, “trata-se do primeiro ETF do mercado que combina obrigações soberanas e corporativas de mercados emergentes de duração curta. Desta forma, oferece aos investidores acesso a obrigações emergentes soberanas, quasi-soberanas e corporativas com um vencimento entre um e cinco anos de uma forma simples e com um custo eficiente. Na verdade, o seu objetivo é gerar melhores yields do que aquelas que se obtêm com exposição a obrigações de mercados desenvolvidos. Outra caraterística diferenciadora deste produto é que as ponderações por países estão limitadas a 3% com o objetivo de reduzir a concentração e melhorar o perfil de risco/retorno em comparação com os índices de obrigações que não estão limitados”.