Os fundos nacionais de fixed income mais rentáveis dos últimos três anos

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Créditos: Manuel Venturini (Unsplash)

É de conhecimento geral que os últimos tempos não têm sido dos mais famosos para os fundos de obrigações e, de facto, o futuro pode não sorrir para esta classe de ativos. Segundo a J.P. Morgan AM, a dívida com retornos negativos, à escala global, passou de 10,7 biliões de dólares no início do ano para apenas 2,9 biliões a 22 de março.

Recentemente a Fed fez a sua primeira subida de taxas desde 2018 e são esperadas ainda mais subidas este ano. Por seu lado, o BCE acelerou a redução das compras de ativos. A juntar a estes dois movimentos junta-se o surgimento da guerra, longe de acalmar a inflação, e regiões da China que estão a ser afetadas por uma nova onda de COVID-19. São fatores que tiveram impactos significativos nos mercados e, em particular, nas obrigações. Na verdade, Justin Jewell, gestor especializado em obrigações high yield na BlueBay AM, afirmava recentemente que o que está a acontecer com as obrigações só vai acelerar. Ainda assim, para Eoin Walsh, gestor da TwentyFour AM, a atual onda de volatilidade é uma correção dentro do ciclo, com oportunidades de compra.

Portanto, importa observar como se comportaram nos últimos três anos os fundos de gestão nacional desta classe de ativos, domiciliados em Portugal e no Luxemburgo, até porque os retornos em 2019 e 2020 nesta classe de ativos foram relativamente bons.

O fundo de obrigações mais rentável: NB FCP Euro Bond

Neste horizonte temporal, no mercado nacional, é fácil mencionar as estratégias que mais valorizaram: obrigações governamentais. Do Top 15 de fundos mais rentáveis, ilustrado abaixo, três são classificados pela Morningstar como tal. Estão também presentes três fundos de high yield, quatro caracterizados como flexíveis, dois de obrigações corporativas, dois de obrigações de ultra curto prazo e um é classificado como diversificado. No entanto, só nove destes 15 fundos conseguem alcançar um retorno positivo nestes três anos. É igualmente fácil revelar a entidade gestora que posiciona o maior número de fundos no ranking dos mais rentáveis: a GNB Gestão de Ativos.

Mais especificamente, o NB FCP Euro Bond, gerido por Vasco Teles da GNB Gestão de Ativos, é o fundo de obrigações nacional mais rentável dos últimos três anos, com um retorno anualizado de 4,8%. Segundo a Morningstar, entre as principais posições do portefólio, encontramos títulos governamentais europeus: dívida pública espanhola (9,3% do portefólio), dívida pública belga (9% da carteira) e francesa (8,6%). Segundo a própria ficha mensal do produto, o volume sob gestão ascendia a mais de 210 milhões de euros.

No segundo lugar do ranking surge mais um produto sob alçada de Vasco Teles na mesma abordagem que o anterior: o NB Obrigações Europa. Lançado em 1994, este fundo detém atualmente mais de 148 milhões de ativos sob gestão, tendo alcançado um retorno anualizado de março de 2019 a março de 2022 de 4,81%. Num mês em que o gestor referia na ficha mensal do produto que “a dinâmica negativa continuava a dominar o mercado de dívida”, a carteira estava composta maioritariamente por títulos governamentais de dívida pública. Emissões governamentais belgas, gregas e italianas estão entre as Top 3 posições em carteira. Segunda a Morningstar, a qualidade creditícia das obrigações estão em grande medida classificadas com BBB.

Ambos os fundos têm Rating FundsPeople 2022 e conseguiram elevados montantes em captações só no ano passado.

A fechar o pódio está o BPI GIF High Income Bond, gerido por Duarte Rodrigues, da BPI Gestão de Ativos, tendo conseguido uma valorização de 1,5% neste período. De facto, acabou o último ano como sendo o mais rentável entre o universo dos fundos de fixed income portugueses. Distinto dos anteriores dois fundos mencionados, Duarte Rodrigues, em entrevista à FundsPeople, referia que “apesar da forte tendência de compressão de spreads a que assistimos praticamente desde março do ano passado, ainda conseguia encontrar valor e oportunidades no mercado de high yield”.

Top 15 fundos nacionais de obrigações mais rentáveis a três anos

FundoRating FundsPeople 2022Entidade gestoraCategoria MorningstarRetorno anualizado a 3 anos (%)Desvio padrão anualizado a 3 anos (%)
NB FCP Euro BondSimGNB International Management (GNB Gestão de Ativos)Government Bond4,839,05
NB Obrigações EuropaSimGNB Gestão de AtivosGovernment Bond4,819,31
BPI GIF High Income BondCaixabank AM (BPI Gestão de Ativos)High Yield Bond1,5210,89
NB Rendimento PlusSimGNB Gestão de AtivosFlexible Bond1,416,84
BPI Obrigações MundiaisBPI Gestão de AtivosHigh Yield Bond0,488,18
NSF SICAV EuroBic Obrigacoes GlobalNevastar Finance (EuroBic)Global Flexible Bond - Hedged0,475,64
IMGA Dívida Pública EuropeiaIM Gestão de AtivosGovernment Bond0,145,08
OPTIMIZE SICAV Global BondAndbank AM (Optimize IP)Global Flexible Bond - Hedged0,085,63
NB Corporate EuroSimGNB International Management (GNB Gestão de Ativos)Corporate Bond0,066,23
BPI Obrigações de Alto Rendimento Alto RiscoBPI Gestão de AtivosHigh Yield Bond-0,2210,44
Santander Obrigações Curto PrazoSantander Asset ManagementUltra Short-Term Bond-0,241,08
EuroBic TesourariaHeed CapitalUltra Short-Term Bond-0,241,02
NB Capital PlusGNB Gestão de AtivosCorporate Bond - Short Term-0,33,37
Bankinter Rendimento PPR/OICVMSimBankinter GA Sucursal em PortugalFlexible Bond-0,343,97
Caixagest ObrigaçõesCaixa Gestão de AtivosDiversified Bond - Short Term-0,352,85
Fonte: Morningstar Direct, dados de retorno em euros, com referência a março de 2022.