Os gestores nunca tiveram tanta certeza: adotar posições longas em tecnologia americana é o posicionamento mais saturado

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Três em quatro gestores estão certos de que a aposta mais consensual neste momento são as posições longas em tecnologia americana e em ações growth. Esta é a leitura mais alta em todo o histórico do Inquérito a Gestores da BofA. Isto é, nunca antes os profissionais tinham estado tão de acordo quanto ao posicionamento mais saturado. Segundo o inquérito de julho, a alocação a ativos mantém-se firme nas mesmas ideias que predominam há meses: posições longas em setores como a saúde e a tecnologia, ativos americanos, liquidez e obrigações. Pelo contrário, continuam a subponderar as energias, os ativos britânicos, a banca e as indústrias.

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Dito isto, há duas mudanças no último mês: um grande salto para as ações europeias e matérias-primas. Como se reflete no gráfico seguinte, o maior aumento entre o mês passado e este foi nos ativos da zona euro, segundo identificam na BofA, em resposta aos maiores estímulos fiscais na Europa. Também sobe o posicionamento no setor das matérias-primas e reforçam-se os clássicos saúde e tecnologia. Notoriamente, as matérias-primas e os emergentes voltam a estar no radar. Onde persistem as saídas é no value face ao growth e na banca.

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Ainda com estes movimentos táticos, a realidade é que o sentimento investidor continua cauteloso. Ou pelo menos assim o reflete a liquidez nas carteiras. De facto, no mês aumentou ligeiramente: de 4,7% para 4,9%. Continua longe dos máximos de abril e maio, mas ainda assim alto face à média histórica a 10 anos. Pelo quarto mês consecutivo, o maior risco que identificam os gestores é uma segunda vaga do COVID-19.

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Curiosamente, há uma mudança de tendência entre os investidores institucionais e de retail. O cash nos fundos de retalho continua a ser mais alto, 4,8%, mas está a baixar. Entre os institucionais a média é de 4%, mas está a subir nestes meses.

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Há cautela, mas não pessimismo extremo. Talvez um medidor mais relevante das perspetivas macroeconómicas sejam as expectativas de uma recuperação precoce face às de uma recessão. E a mudança de ânimo vê-se muito bem no gráfico seguinte. 24% acredita que a economia já se encontra num ciclo precoce, um aumento a partir dos 16% que o afirmavam no mês passado. Pelo contrário, só 62% dirá que estamos numa recessão; menos que os 72% que o afirmava no mês passado que estamos numa recessão; menos que os 72% do mês passado.

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