"Os investidores estão a mudar a forma como consideram Brasil para seus investimentos"

Joaquim_Levy_BRAM
Cedida

O Brasil é protagonista de uma das mais importantes histórias de crescimento económico nos últimos anos, apesar de estar actualmente a enfrentar desafios significativos. Neste contexto, e num mercado dominado por baixas taxas de juro, a Funds Americas questionou Joaquim Levy, CEO da Bradesco Asset Management (BRAM), se a perspectiva dos investidores sobre o Brasil mudou, se o mercado accionista local que considera tem mais potencial e se acredita que as taxas de juro baixas são uma ameaça para os seus produtos.

 
O Brasil pode estar a enfrentar grandes desafios, mas a estabilidade macro-económica brasileira está a alterar a forma como o país é considerado aquando da construção de uma carteira. "No passado, os investidores tomavam atenção às estimativas macro-económicas globais ao decidir a sua exposição ao mercado brasileiro. Assim, aplicavam um investimento passivo, o que constituía uma maneira fácil e barata de ter essa exposição. Hoje em dia, julgo que estamos perante outra postura de investimento relativamente a Brasil, onde assistimos cada vez mais a uma gestão activa das carteiras por parte dos investidores".
 
Neste sentido, e apesar da bolsa do Brasil estar a perder mais de 14% desde o início deste ano, Levy considera que ainda existe valor no mercado. "O importante é que os investidores sejam cuidadosos ao selecionar as empresas em que vão investir. Neste sentido, acreditamos que as empresas ligadas ao mercado interno no Brasil têm um grande potencial. Embora, o sector se tenha "afundado" um pouco no passado, essas empresas com uma boa gestão estão com desempenhos atractivos, por exemplo, veja-se o sector da construção".
 
Além disso, o CEO da BRAM não descarta o mercado de obrigações. Considera que o cenário de baixas taxas de juro "está a abrir um novo mercado para a dívida corporativa, o que é muito interessante". No entanto, "o investimento neste tipo de dívida requer uma investigação mais profunda das empresas", pelo que é importante ter uma gestão de carteira focada na análise fundamental. Foco sempre incluído na gestão de fundos da BRAM.
 
Joaquim Levy indicou ainda que este cenário na classe de obrigações, ao invés de uma ameaça, é um factor positivo para a indústria. "Permite-nos [referindo-se aos gestores] o desenvolvimento de novos produtos" centrados na necessidade dos investidores de compensar os baixos retornos que obtêm nos produtos tradicionais. 
 
Na verdade, a empresa está a preparar para antes do final do primeiro semestre de 2013, o lançamento de um fundo que investirá em obrigações de infra-estruturas brasileiras. Este é um fundo fechado que tem por objectivo atrair 1.000 milhões de reais entre investidores internacionais. Com ele, a BRAM pretende reforçar a sua presença internacional.