Falámos com o diretor geral da Franklin Templeton para o mercado ibérico a propósito do seu regresso ao país vizinho depois de cinco anos a ocupar-se dos clientes globais nas Américas a partir de Miami.
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Após cinco anos encarregue dos clientes globais para as Américas da Franklin Templeton, a partir de Miami, Javier Villegas regressou no passado mês de outubro aos escritórios da Franklin Templeton em Madrid, casa que ocupou de 2005 a 2013. Nesta primeira entrevista aos media, Villegas fala dos seus planos de negócio como novo diretor geral da Franklin Templeton para a Península Ibérica e dos desafios que enfrenta numa indústria que evoluiu na sua ausência.
“O regresso a casa de um expatriado é duro; um muda, mas os demais também”, assegura. Foi com esta sensação que Javier Villegas aterrou de novo no país vizinho.
“Os clientes são mais sofisticados e mais exigentes”, reconhece. O peso da consultoria cresceu, como também os requisitos de formação das redes. A concorreência também está mais preparada. Algo que assume como um desafio e uma oportunidade “para serem melhores”. Nesse desafio conta com uma equipa de três vendas e uma pessoa a prestar apoio ao cliente. “Contamos com uma das equipas mais experientes do sector, com uma experiência média de 15 anos”, afirma com orgulho.
Projetos em marcha
Após os seus primeiros meses como responsável do escritório da Península Ibérica, Vilegas conta que a sua prioridade máxima nestes momentos é o cliente institucional, um segmento para o qual têm em marcha vários projetos “emocionantes”. Um é o Franklin Templeton Social Infrastructure, fundo de private equity que já captou mais de 160 milhões de euros. “Na Europa a necessidade de empreender reformas em infraestruturas, especialmente dedicadas ao sector social, é superior ao dinheiro público”, explica. “Isso é uma oportunidade muito boa para o investidor institucional”.
Outra proposta onde a gestora teve um grande êxito foi no lançamento de alternativos líquidos. O Franklin K2 Alternative Strategies Fund desde o seu lançamento acumula 2.500 milhões de dólares em ativos sob gestão. “Os investidores valorizaram o exaustivo controlo do risco da equipa de K2”, explica. Outro dos pontos fortes do K2 é a criação de soluções à medida para clientes institucionais.
2019 será um ano centrado na personalização das suas propostas. Notaram uma importante procura por produtos à medida por parte do cliente. Isto levou-os a montar uma nova sicav para lhes dar resposta “Os investidores tanto na Ásia como nos Estados Unidos, e agora na Europa, pediram-nos fundos com data de vencimento e rentabilidade determinada”, explica. Por isso, dentro desta sicav lançaram em Espanha o seu primeiro fundo de vencimento, “para os investidores que procuram uma rentabilidade recorrente ano a ano”, o Franklin Target Income 2024.
O que preocupa o cliente
O dilema que monopoliza as conversações com o cliente é o mesmo que dominou os últimos dois anos; o que fazer com as obrigações europeias? Continuam a ser uma lacuna nas carteiras dadas as rentabilidades tão baixas que oferecem? Com o peso tão relevante que ocuparam tradicionalmente, o debate sobre as alternativas está vigente. Villegas nota interesse em “diversificar fora da Europa”. Isto é, pelas obrigações dos Estados Unidos dadas as TIR mais altas, porque é um mercado mais amplo e pelas oportunidades que oferece.
É certo que o custo da divisa (300 pontos base) come uma porção substancial desse retorno, mas Villegas defende que não vai abrandar por causa disso já que a amplitude do espectro de emissões norteamericanas abre as portas a um maior potencial de rentabilidade. “No Franklin US Low Duration, por exemplo, o yield-to-maturity é de 5%, pelo que incluindo o custo de cobertura o retorno é de 2%”, revela.
Também estão a ganhar tração as estratégias de obrigações globais. São fundos que podem debicar também nos mercados emergentes, onde a gestora conta com uma grande experiência pelo que as rentabilidades que oferecem são mais altas. É o caso do Templeton Global Bond, com uma rentabilidade a vencimento de 9%.
Enquanto nas ações, notam interesse pela bolsa americana, especialmente em empresas do setor tecnológico. “Não são só as empresas de tecnologia as que dominam; as empresas de todos os setores procuram o crescimento por via da tecnologia”, afirma. A Franklin Templeton joga com a vantagem de ter os seus escritórios em Silicon Valley, pelo que as tendências tecnológicas de ponta estão a uma viagem de carro de distância. “Quando as pessoas pensam na bolsa americana, pensam na Franklin Templeton”, conta com orgulho.
A bolsa europeia, por muito baratas que estejam as suas valorações, é outro dilema para o investidor enquanto o Brexit continua a ser um assunto por resolver. Por isso, as estratégias de ações que investem na zona Euro posicionam-se como uma opção interessante.