Os planos de estímulos postos em perspetiva num só gráfico

8958665388_89f4d5fbe0_b
The Open University (OU), Flickr, Creative Commons

As três últimas grandes crises de que há memória - a crise financeira de 2008, a crise dívida da zona euro de 2012 e a atual crise desencadeada pela conversão da COVID-19 em pandemia - tiveram em comum o apoio que receberam por parte dos bancos centrais em forma de programas de compra de dívida e de cortes nas taxas de juro até níveis de 0%. Mas só após a crise da COVID é que os governos colocaram o resto em forma de política fiscal com um claro objetivo de limitar ao mínimo o período da recessão na qual o mundo está imerso.

Para pôr em perspetiva a avalanche de estímulos que foram postos em marcha nesta crise, a consultora McKinsey publicou um gráfico no qual compara os estímulos de diferentes Governos aprovados nesta crise com os que foram levados a cabo na Grande Crise Financeira de 2008 e a imagem fala por si só.

quarto_bx

“Os governos alocaram 10 biliões de dólares para o estímulo económico em apenas dois meses e, para alguns países, a sua resposta como percentagem do PIB foi quase dez vezes superior ao da crise financeira de 2008-2009”, afirmam na McKinsey. Nos seus números só têm em conta os estímulos anunciados até ao fim do mês de junho, pelo que não estão incluídos os 100.000 milhões do plano de estímulos extra anunciados por França já em setembro que segundo a Allianz Reseach representam 4,3% do PIB, mas também o plano de recuperação europeu Next Generation que põe sobre a mesa outros 700.000 milhões de euros ou o esperado novo pacote de estímulos que se espera que chegue aos EUA e que implique no mínimo mais um bilião de dólares.

Este último pacote é precisamente no que se estão a fixar os investidores sobretudo após o resultado das eleições dos EUA, que deixam a Câmara dos Representantes dividida entre republicanos e democratas. “Vai ser algo na faixa dos 500.000 milhões de dólares a um bilião, ao contrário de um estímulo de 2.5 ou 3 biliões de dólares sob um cenário de onda azul, pelo que não é tão positivo como o estímulo de crescimento a curto prazo que se tinha começado a ver em algumas ações”, afirma Scott Glasser, co-CIO da ClearBridge Investments. “Ainda que exista o risco da incerteza geral em si mesma, a pergunta mais importante é se essa incerteza atrasa em última instância o estímulo fiscal muito mais além das eleições ou até 2021, o que provavelmente prejudicará a economia e dificultará uma recuperação”, afirma Darrell Spence, economista da Capital Group.