Os riscos moveram-se da Fed para Washington, D.C.

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Quando setembro começou eram quatro os riscos que preocupavam os investidores. Três deles nunca se chegaram a concretizar: a potencial batalha contenciosa sobre quem iria ser o próximo presidente da Reserva Federal, o “tapering” da Fed e, por fim, o possível envolvimento dos EUA no conflito na Síria.  Desde essa altura Russ Koesterich, director de estratégias de investimento na BlackRock, diz que os investidores têm-se focado muito no quarto risco – as disputas políticas em Washington D.C acerca do orçamento e do teto da dívida.

Os investidores estão cada vez mais nervosos com a possibilidade de um shutdown do governo [que se verificou hoje] e uma falha nas negociações para estender o teto da dívida, o que já causou uma “crise” nos mercados e um pequeno aumento no preços do tesouro”, diz Koesterich.

Com o novo ano fiscal a começar a 1 de Outubro, Washington tinha como prazo a meia noite de 30 de Setembro para chegar a um acordo sobre o orçamento. “Se depois da meia-noite não houver um entendimento, essa situação vai causar um aumento da volatilidade e vai ser um fator negativo a curto prazo para os mercados, isto se a paralização  prejudicar o crescimento económico no quarto trimestre e causar “mossa” na confiança do consumidor”, refere. No entanto, na perspetiva do especialista, se o problema ficar resolvido numa ou duas semana o “impacto a longo prazo será limitado”.

Teto da dívida: default?

Mas para o especialista o principal risco está no teto da dívida – o limite legal sobre o montante da dívida que os EUA é capaz de emitir. Russ Koesterich explica que “o governo tem definido atingir o limite atual de 16,7 biliões de dólares daqui a 2 ou 3 semanas. Mas se o Congresso e o Presidente Obama não chegarem a um acordo, o teto da dívida irá aumentar antes desse limite ser atingido”. A solução, diz o especialista, é fazer algo que nunca aconteceu: não pagar técnicamente a dívida a tempo. No entanto no seu Weekly Brief - Markets Insights da semana de 30 de Setembro, a J.P.Morgan Asset Management  relembra que “apesar do governo dos EUA ter a tendência de adiar as negociações sobre o teto da dívida até ao último minuto, eles normalmente aumentam o teto da dívida a tempo de evitar um default”, pode ler-se.

Na mesma perspetiva Russ Koesterich defende que “romper o teto da dívida é improvável, mas a ameaça constante de que isso possa acontecer está a fazer com que os investidores adotem uma postura mais defensiva; algo que pode ser visto através do fluxo dos fundos, com os investidores a retirarem dinheiro dos fundos de ações para os fundos de obrigações”, diz.

Nota: Ambos os comentários das gestoras BlackRock e J.P.Morgan foram emitidos na segunda-feira, dia 30 de setembro, antes de terminar o prazo estabelecido para um consenso entre o Senado e a Câmara dos representantes nos EUA.